A mítica pista norte-americana de Glen Helen, conhecida pelo seu grande e rápido arranque e, principalmente, pelas suas impressionantes subidas e descidas (que obrigam mesmo os pilotos a utilizarem guiadores mais altos para lidar melhor com as fortes travagens a descer), recebeu a caravana do mundial de motocross após 11 anos de ausência.

O muito calor sentido no fim-de-semana contrastou com a reduzida afluência de público, mas o espectáculo proporcionado pelos pilotos mundialistas em luta com alguns norte-americanos foi bem grande. Além do calor, os pilotos do Mundial tiveram que se habituar a um traçado novo com mais cerca de 20 segundos por volta que a média da Europa, assim como a média horária da velocidade atingida, uns bons 17km/h mais rápida.




Qualificações
Com os treinos livres a serem encurtados por motivos de segurança quando um forte vento se apoderou da pista de Glen Helen, o norte-americano Mike Alessi aproveitou o seu maior conhecimento do traçado para vencer a manga de apuramento da classe MX1 com a KTM 350 na frente de Ben Townley, o neo-zelandês que há vários anos corre nos EUA e de Max Nagl, o melhor dos ‘Não-EUA’. Cairoli foi o quarto, com Rui Gonçalves a ser obrigado a recuperar de último após uma queda inicial, para terminar a curta manga em 20º.

Na classe MX2, Marvin Musquin não se deixou intimidar pelo rápido e desconhecido traçado, levando a melhor na sua manga de qualificação com Jeremy Van Horebeek (com a Kawasaki preparada pela ProCircuit) e Max Anstie a fechar o pódio, sendo Anstie o melhor dos sediados nos EUA.

Para Domingo o clima continuou bem quente, com temperaturas acima dos 30 graus a tornarem mais difícil a tarefa dos pilotos numa pista cada vez mais exigente.




MX2
Marvin Musquin voltou a mostrar-se muito forte, arrancando sempre na frente com a sua KTM SXF 250 e abrindo logo alguma vantagem. Com isso o piloto francês só teve que controlar, dominando todas as voltas de ambas as mangas do dia para vencer o GP, mostrando-se bastante empolgado com a sua primeira vitória nos EUA, país onde estará a competir a tempo inteiro a partir de 2011.



A tempo inteiro nos GP’s mas a jogar em casa, o norte-americano Zach Osborne conseguiu, finalmente, um merecido pódio. O piloto da Yamaha teve que se bater com Shaun Simpson em ambas as mangas e levou a melhor nessas duas ‘batalhas’, terminando em quarto na primeira e em segundo na segunda, qualquer delas sem hipóteses de acompanhar o líder.
Mesmo se se magoou num polegar no Sábado, Steven Frossard conseguiu fechar o pódio do GP empatado em pontos com Osborne, terminando as mangas em segundo e quarto.



Ken Roczen é que não conseguiu mostrar o seu valor, vendo-se envolvido em quedas colectivas em ambas as mangas. O jovem piloto alemão da Suzuki ainda recuperou até terceiro na primeira manga, mas na segunda o atraso foi maior. Ainda assim conseguiu um desempenho notável ao recuperar de último até quinto para fechar o GP em quarto na frente de Simpson.




MX1
Na primeira manga da classe maior a luta principal foi laranja, com Mike Alessi, Antonio Cairoli e Max Nagl a lutarem pela vitória deixando os rivais um pouco mais atrás. Ben Townley ainda impôs a sua Honda no meio das KTM oficiais nas voltas iniciais, mas um toque de Alessi quando ambos trocavam posições levou à queda de Townley que foi forçado a abandonar com a sua moto danificada.




Cairoli manteve-se no comando com Alessi mesmo em cima, mas o italiano foi forçado a abrandar o ritmo e a deixar passar o sem colega de equipa quando partiu o pedal de mudanças da sua moto. No entanto, o siciliano lider do campeonato ‘deu a volta’ à questão sempre com a terceira mudança engrenada, utilizando a embraiagem nas subidas mais íngremes e voltando a assumir a liderança para vencer a manga. Alessi foi segundo e Nagl terceiro.




Já na segunda manga tudo foi diferente, com Townley a aproveitar um bom arranque e o facto de estar menos cansado que os outros pilotos (já que abandonou a primeira manga logo no início) para ‘fugir’ com uma vitória folgada e muito festejada pelo neo-zelandês que tem estado a braços com lesões nos últimos anos e não vencia um GP desde 2005.
Logo atrás a luta travava-se entre Cairoli, Alessi e Clement Desalle, estando a vitória no GP em jogo entre os dois pilotos KTM. No entanto seria Desalle com a Suzuki a levar a melhor e a terminar em segundo, com Cairoli a ser terceiro e a subir ao degrau mais alto do pódio com cinco pontos de vantagem sobre Alessi, o quarto na manga.




Xavier Boog levou a sua Kawasaki ao quarto posto no GP, com Steve Ramon a fechar os cinco primeiros.
Depois de terminar em terceiro a primeira manga, Nagl foi forçado a abandonar e terminou o dia em 10º depois de a sua moto ‘engolir’ duas estacas e uma parte da vedação com a roda traseira após uma saida de pista do alemão, enquanto que David Philippaerts foi 15º e desceu para quarto no campeonato (por troca com Desalle) por não conseguir adaptar-se ao traçado.




Para Rui Gonçalves a adaptação também não foi fácil, principalmente ao ter uma má posição na grelha de partida, mas o piloto de Vidago melhorou a sua prestação ao longo do dia. Rui foi 16º na primeira manga após um arranque mediano, mas foi 11º na segunda, mesmo se também arrancou menos bem. Segundo Gonçalves, “Foi um Grande Prémio bastante difícil em diversos aspectos. O cancelamento dos treinos no Sábado dificultou-me bastante a adaptação a esta nova pista, na qual nunca tinha andado. Na manga de qualificação caí e perdi muito tempo, de tal forma que quando arranquei era último, embora tenha conseguido recuperar até vigésimo. Já no Domingo voltei a ser um pouco inconsistente em termos de andamento. Na primeira manga voltei a ter o problema das outras corridas ao ser pouco regular em termos de tempo por volta, o que dificultou a minha progressão e, por isso, a recuperação de posições foi bastante difícil. Na segunda corrida do dia tudo correu melhor, embora o arranque não tenha sido muito bom. Após algumas voltas consegui apanhar um bom ritmo e mantive-o até ao fim para terminar em 11º. Não fiquei muito contente com o resultado geral porque gostaria de ter ficado mais à frente, mas o facto de ter melhorado da 1ª para a 2ª manga deixa-me mais tranquilo porque sei que estou no bom caminho e encontro-me bastante motivado para continuar a trabalhar ainda mais e lutar pelos lugares da frente.”

A caravana do Mundial arrumou as malas logo no final do GP norte-americano, já que o campeonato prossegue já no próximo fim-de-semana (6 de Junho) em França, na bela pista de St. Jean D’Angely.



Fonte:Motociclismo