Sempre que existem teste de MotoGP, WRC ou Formula 1 por exemplo, onde aja pilotos que fazem sua estreia na categoria, sigo sempre com grande atenção. Tenho sempre curiosidade em saber quais as impressões dos novos pilotos.
Pois bem esta semana vimos algumas estreias no MotoGP, e além dos comentários (esperados) há potência brutal das MotoGP, aquilo que me leva a criar este tópico, foi as diferenças que os pilotos que vieram das Superbikes notaram nos pneus. Com os pneus do MotoGP conseguem ângulos de inclinação incriveis, e facilmente conseguem fazer coisas impensáveis (até para eles) como roçar com o cotovelo no asfalto.
Nunca fiz um track day sequer, pelo que provavelmente é um feeling que nunca irei ter na minha vida, mas estou curioso.
Como um piloto sabe qual o limite de aderência e inclinação máximo que uma dada mota tem? Quais os feelings que a mota transmite para eles saberem "Ok este é o limite". Sei que algumas vezes eles só sabem a resposta com as quedas, coisa que obviamente não convém.
Abc a todos.
Daikoni Administrador
Número de Mensagens : 9222 Idade : 36 Localização : Lisboa Mota/Modelo : CBR600F 2012 Data de inscrição : 27/05/2013
Por experiência própria (ando muitas vezes no limite de aderência deles, principalmente no molhado), os pneus começam a "dar de si" no momento em que começam a perder a aderência, senteste-os a saltitar, vibrar, a escorregar ligeiramente aqui e ali. Dá-te tipo este feeling. Geralmente em aceleração moderada, o traseiro foge sempre primeiro que o da frente, para andar no limite, nunca, mas nunca desaceleres. Pela experiência que tenho, causa mais pressão na roda da frente, e faz com que ela ceda ainda mais, se já estiver no limite, arriscas-te a um lowside.
Os casos em que sinto a frente a dar de si, acelerar, geralmente alivia a frente, e deixo de a sentir assim. Mas é acelerar com suavidade, acelerar de esticão acaba por ser pior em todas as situações.
A traseira é mais controlável, desde que esteja em aceleração. Consegues ter um feeling melhor, e mais cedo se tiveres em aceleração, além do que causa que seja primeiro a traseira a dar de si (causa slide mais cedo, mas tens maior margem de erro ao mesmo tempo, porque sabes que a frente ainda tem alguma margem). Em caso da traseira fugir, e para drift, tens de estar à espera, e descontraído, e sem medos. Se tiveres a receio, a mínima coisa, fazes asneira, pelos chamados "SR" (Survival Reactions).
Já me aconteceu estar em drift (pequenos drifts, tenho um vídeo no youtube com isso), a dar de traseira, descontraído (pensava eu)... de repente parece que me veio uma sensação de desiquilíbrio, tipo queda, e automaticamente dei um impulso no guiador que não devia. Acabou por correr tudo bem, mal dei esse impulso voltei a mim e tipo "wtf am i doing?!", mas podia ter corrido mal, felizmente chão molhado e em aceleração a roda traseira não agarrou, se agarra em slide, não alinhada (a meio de slide lateral), prepara-te para um highside. Mas esta é a maior dificuldade que se tem nestas brincaderias, não são muito controláveis, e só com confiança, hábito, e experiência é que vais lá.
Falo em slides/drift, não é que seja para o fazeres, é que se fores para andar no limite de aderência, tens de estar preparado para acontecer, e vai acontecer mais cedo ou mais tarde.
Mas qualquer das maneiras, isto tem de vir por ti mesmo, não tentes puxar mais do que aquilo que te sentes confiante, e nem sequer te posso aconselhar a tentar nada. Até porque a estrada é perigosa o suficiente mesmo sem abusos, e são brincadeiras parvas (às vezes faço, mas admito e repito mais uma vez, parvas). E como acima disse, é muito fácil teres Low e Highsides com esta brincadeira, se já estás no limite, à mínima coisa é suficiente para causar queda, seja impulsos teus, seja algo mais que apanhes no chão (óleo, sujidade, wtv). Não vale a pena os riscos.
Espero que tenha ajudado, dentro do que é a minha limitada experiência.
ColeRR CBR 400
Número de Mensagens : 469 Idade : 44 Localização : Braga Mota/Modelo : CBR 1000RR Data de inscrição : 26/08/2010
Antes de mais obrigado pela tua resposta. Vou ter que a ler algumas vezes para melhor processar o muito que disseste.
Eu não tenho problemas em admitir. Quando tinha uns 22/23 anos tive um acidente e isso aliado a ter estado quase 5 anos sem andar, nunca mais fui o mesmo. Até então arriscava deveras e depois disso nunca mais arrisquei tanto. E curiosamente o maior problema que tenho é mesmo nas curvas lentas, parece que quanto mais lento for a curva mais receio tenho, o que faz com que corte muita velocidade e não incline a mota muito. Na chuva então corto que é uma coisa maluca. Nas partes mais rápidas ai o que faço é o suficiente para mim.
Falas quando em aceleração moderada a frente começar a ceder e ai o ideal é por ventura acelerar ainda mais, pois alivia a frente. Faz sentido para mim. Mas o meu problema é mesmo a entrada em curva e o quão depressa consigo fazê-la. Nesse capitulo estou a milhas de distância dos limites da mota. E confesso longe a longe dá aqueles flashes de pânico mesmo antes de fazer a curva. E algo que tenho que conseguir irradicar, pois já sabemos o que causa.
Sei que o melhor aliado é andar no que é confortável para mim, mas para evoluir é preciso kms e arriscar um pouco mais (digo eu) aos poucos, e é ai que quero evoluir, sobretudo nas curvas fechadas. Parece ser algo que dá muito gozo de fazer.
Abc
Daikoni Administrador
Número de Mensagens : 9222 Idade : 36 Localização : Lisboa Mota/Modelo : CBR600F 2012 Data de inscrição : 27/05/2013
Falas quando em aceleração moderada a frente começar a ceder
Não foi isto que eu disse, ou quis dizer. A frente geralmente cede depois da traseira, em aceleração (ou seja, primeiro foge a traseira). Caso sintas-a a ceder, aceleração geralmente alivia.
ColeRR escreveu:
mas para evoluir é preciso kms e arriscar um pouco mais (digo eu) aos poucos, e é ai que quero evoluir, sobretudo nas curvas fechadas.
Enganas-te. A melhor maneira de evoluires, e evoluires correctamente, é andares nos teus parâmetros de confiança. Abusas, apanhas sustos, e só retarda a tua evolução. Tal como tu dizes que te aconteceu, até me ajudas.
Progressivamente, vais puxando, em curvas que conheces bem... Não puxes demasiado, nem a 100% das tuas capacidades, deixa uma margem para erros que possas a vir cometer, cuidado com carros, trânsito, certifica-te que o piso é bom e não está sujo (nem que dês uma volta primeiro de reconhecimento). É com tempo, a poucos e poucos, e muitos km's, que voltas a ganhar à vontade e confiança. E se estás descontraído, à vontade, consegues sempre curvar muito melhor e sem asneiras. Se estás demasiado tenso, a mota até te dá a sensação que já está a dar de si, antes de realmente estar (relaxa, sobretudo no guiador, guiador é para estar aliviado, permitir a mota fazer correcções de irregularidades do piso, e tudo o mais).
Toda a gente faz asneiras, mesmo com experiência, não há que ter qualquer vergonha disso, apenas deve de ser evitado pelos riscos associados para a tua saúde.
E isso do que tu falas, de ataques de pânico antes da curva, acontece a todos, aqui ou ali, mais tarde ou mais cedo. Já me aconteceu. Nestes casos, o que fazes em caso de dúvida, inclinar mais, e não deixes o teu corpo contrariar a curva, que é algo que tem tendência a acontecer nestas situações. Vai com a mota, e inclina-te mais. Os pneus têm geralmente mais aderência do que pensas. Se panicas "omg omg tou f*dido" e paralisas / travas em curva, isso é desistir. E aqui sim, provavelmente vais ao chão.
Outra coisa, não sei se o fazes ou não, que ajuda imenso (pelo menos a mim ajudou), é ter noção de como virar a moto, countersteering. Queres virar para a direita, viras para a esquerda, e vice-versa. Ao virares a moto para a direita, a parte debaixo da moto move-se para a direita (puxada pela roda), pela inércia a parte de cima tem tendência a ficar onde estava, ou seja, inclinaste a moto para a esquerda. Se inclinaste para a esquerda, estás pronto para curvar para a esquerda.
Maneira mais simples, para não ser tão contra intuitivo aprender, é empurras para a frente, o guiador na direcção que queres virar (acaba por ser virar no sentido contrário na mesma, mas mais intuitivo). Ou seja, queres virar para a direita, empurras o guiador da direita para a frente.
Todos nós que andamos de moto, fazemos isto, nem que seja inconscientemente (se não a mota não vira), mas tendo consciência, sabes o que fazer. Sabendo o que fazer tens maior controlo, e consegues reagir muito melhor, principalmente em ataques de pânico, porque sabes o que tens a fazer.
Como disse não sei se o fazes ou não, mas se quiseres aprender, as velocidades que aconselho para começar a treinares, é cerca de 70-80kmh. A muito baixa velocidade torna-se mais difícil. A medida que velocidade aumenta precisas de aplicar maior força para inclinar devido às forças centrípetas das rodas da moto. Faz isso com suavidade, e progressivamente.
ColeRR CBR 400
Número de Mensagens : 469 Idade : 44 Localização : Braga Mota/Modelo : CBR 1000RR Data de inscrição : 26/08/2010
Sim em aceleração a traseira vai sempre primeiro que a frente. Dai ter estranhado (provavelmente percebi-te mal) e ter feito essa pergunta. Agora a curvas pelo menos até ao apex o que vai primeiro é a frente correto? E é ai que surgiram as duvidas e a razão deste tópico. Que feelings a mota te dá quando estás a chegar ao limite e prestes a ultrapassá-lo, antes que seja tarde demais. Mas tua resposta inicial já me deu uma ideia disso.
Sim mano as cenas do counter steering e posição do corpo, postura, trajetórias etc isso tudo tenho boa noção e faço-o bem (acho). Quando entras numa curva mais depressa do que esperavas ou estáss habituado a regra é inclinar ainda mais. Ai penso que estou ok.
Quando queremos praticar posição do corpo, trajetórias, travagens, inclinação, etc é fazer o que dizes realmente. Escolher uma boa estrada e praticar a uma velocidade confortável. Depois com o tempo aplicar isso quando for hora de pôr em prática a velocidades maiores.
Meu problema é mesmo essa falta de confiança nas curvas lentas que me cortam o andamento. Nas curvas rápidas já não tenho problemas.
Daikoni Administrador
Número de Mensagens : 9222 Idade : 36 Localização : Lisboa Mota/Modelo : CBR600F 2012 Data de inscrição : 27/05/2013
Como nunca dei nenhuma volta contigo, não tenho noção do que sabes ou não, peço desculpa
Se o teu problema é exclusivamente falta de confiança, é treino e km's nesse tipo de curvas que precisas. Faz com calma, aumenta o ritmo muito ligeiramente em cada vez, e com confiança. O importante é sentires-te à vontade com o que fazes, e com os riscos reduzidos ao mínimo.
Qualquer das maneiras, as estradas não são pistas, e o objectivo não é andar a abrir, nem tens de provar nada a ninguém
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ZéPiqueno CBR 600F
Número de Mensagens : 1041 Idade : 39 Localização : Lisboa Mota/Modelo : Suzuki GSXR 600 L0 | ex - Kawa Ninja 250R Data de inscrição : 07/08/2012
Para mim, o limite da inclinação varia de muitos factores...
* Do tipo da mota e mesmo da mota * Dos pneus, do seu estado, da sua pressão e da sua temperatura * Da estrada, da curva, da trajectória e da velocidade em que se entra na curva * E sobretudo do piloto.
Há pessoas com motas iguais à minha que conseguem usar o pneu todo, eu tenho marcas de 1 dedo mindinho de cada lado do pneu (sendo que me deito "mais e melhor" para a direita que para a esquerda). Já senti por varias vezes que estou no limite de inclinação, talvez porque o meu psicológico com medo me diz que estou a deitar demasiado e fico com a sensação que tenho o pneu no limite de querer fugir.
Agora contra mim falo no que vou dizer... Uma pessoa para aprender o seu próprio limite e o da mota, deve de o fazer numa pista, pois é ai que existem melhores condições para podermos de forma mais controlada testarmos os nossos limites, e evoluir/aprender. Isto é o que eu penso...No entanto...Não consigo levar a minha menina para um track day, porque tenho medo de não ter unhas suficientes e tenho medo de cair e fazer estragos na menina...
Sinceramente acho que não temos que viver obcecados com a inclinação que conseguimos fazer...Com isto não quero dizer que não nos desafiemos, pois eu sempre que acho que me deitei muito numa curva, quando paro a mota vou logo dar um checks ao pneu para ver se o "comi" mais um bocadinho e que quando acontece fico com o ego logo em altas...
No entanto e no final de contas, todos temos o mesmo prazer a andar de mota, quer curvemos muito ou pouco, e o que interessa é chegar piloto e mota bem a casa.
MotardFeio CBR 600F4i
Número de Mensagens : 3610 Idade : 20 Localização : Margem Sul Mota/Modelo : CBR XX Data de inscrição : 12/03/2014
Na minha "gorda" tenho mais dificuldade nas curvas lentas e fechadas, aí tenho de "brigar" com ela. Nas largas e rápidas, parece que vou num comboio bala, acho que por mais que acelere ela nunca irá fugir... Mas também tenho a perfeita noção de que ainda estou longe dos limites dela, mas as unhas não crescem de um dia para o outro claro, também tenho essa "chicken stripe" de um mindinho de cada lado, e no meu caso, inclino mais fácilmente para a esquerda (deve ser o efeito "rotundas")!
Daikoni Administrador
Número de Mensagens : 9222 Idade : 36 Localização : Lisboa Mota/Modelo : CBR600F 2012 Data de inscrição : 27/05/2013
PS: No meu traseiro as chicken-strips dependem do desgaste dos parafusos das peseiras. Inteiros fico com praí uns 5mm... Como tenho os parafusos a meio, não tenho chickens no traseiro desde praí o segundo dia que os tenho(é um PR4, Sport-Touring) Tenham atenção que as chickens variam to tipo de pneu, há pneus que têm mais ângulo final e é mais lixado chegar ao fim.
PR4:
Em termos de virar melhor para a direita ou esquerda, não vos sei dizer com certezas. A peseira que mais vezes vai ao chão é a direita, mas tenho a tendência a gastar mais o pneu traseiro o lado esquerdo, e também tenho a ideia que curvo melhor para a esquerda. Bem, provavelmente é por isso mesmo... não sei curvar para a direita, pior posição, e a peseira vai ao chão mais facilmente por isso mesmo
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ColeRR CBR 400
Número de Mensagens : 469 Idade : 44 Localização : Braga Mota/Modelo : CBR 1000RR Data de inscrição : 26/08/2010
Como nunca dei nenhuma volta contigo, não tenho noção do que sabes ou não, peço desculpa
Se o teu problema é exclusivamente falta de confiança, é treino e km's nesse tipo de curvas que precisas. Faz com calma, aumenta o ritmo muito ligeiramente em cada vez, e com confiança. O importante é sentires-te à vontade com o que fazes, e com os riscos reduzidos ao mínimo.
Qualquer das maneiras, as estradas não são pistas, e o objectivo não é andar a abrir, nem tens de provar nada a ninguém
Espero que tenhas noção que aos 34 anos não vou a caminho de virar um Rossi. Apenas quero evoluir e desfrutar um pouco mais do que estas meninas têm para dar, só isso
As questões de praticar a sério em pistas, num ambiente seguro e fechado isso é tudo válido, mas lembrem-se. Minha pergunta inicial foi "como como encontrar o limite de inclinação". Que transmite a mota para eles saberem que estão nesse limite e tuas respostas já ajudaram um pouco nesse sentido.
A malta com experiÊncia e bom kit de unhas consegue ir para uma montanha qualquer e andar sempre dentro dos seus limites, mas a um ritmo forte e estável. Sabem ler bem as curvas que ai vem e com isso adaptar sua velocidade de entrada em curva.
Ouvimos os pilotos falar sempre em feeling.. confiança.. além do jeito, técnica e tudo mais penso que são as palavras chave.
JorgeMaiaMarques CBR 600F
Pendura : Diz que tem medo!
Número de Mensagens : 1044 Idade : 36 Localização : Carcavelos Mota/Modelo : CBR 600RR Data de inscrição : 28/12/2013
há um factor que acho que está a faltar-lhe relevância, é o de conhecer a estrada...digamos que a malta nos mundiais n conhece a mota (os rookies) mas conhecem as pistas...e nós na estrada é igual, é completamente diferente uma curva que se conhece de uma curva que n se conhece, se a conhecemos só ligamos à mota...se não a conhecemos há toda uma análise à curva enquanto sentimos a mota, acho que no limite convém ligar a uma coisa de cada vez!
ColeRR n sei se já viste mas segue um link com alguma teoria (acho que a teoria é importante, e devemos tentar mete-la em prática)
ColeRR CBR 400
Número de Mensagens : 469 Idade : 44 Localização : Braga Mota/Modelo : CBR 1000RR Data de inscrição : 26/08/2010
Gostei de ler todos as respostas pois eu tambem me interesso por este assunto mas no meu caso e so mesmo comprovando pelos pneus, olhando para eles e vendo que ja foram ao limite... Na minha opiniao o limite de cada um vai do que ja foi dito por alguem, tipo de mota, pneu, aquecimento, curva estado do tempo (asfalto quente/frio), etc... A muita coisa que conta inclusive os anos do condutor que esta aos comandos da maquina...
Daikoni Administrador
Número de Mensagens : 9222 Idade : 36 Localização : Lisboa Mota/Modelo : CBR600F 2012 Data de inscrição : 27/05/2013
Ouvimos os pilotos falar sempre em feeling.. confiança.. além do jeito, técnica e tudo mais penso que são as palavras chave.
Em termos de aderência tem muito a ver com feeling, não é comum ninguém especificar o que "sentes", porque por vezes é difícil de explicar, mas consegues sentir entre pneus firmes no chão, e no limite, onde começam a dar de si. No molhado por exemplo, em piso muito escorregadio, muitas vezes não sentes tão bem aquelas reacções que eu disse acima (vibrar, saltitar, etc), mas consegues "sentir" que estás no limite, e existe sempre maneiras de saber a aderência que tens. Eu não consigo fazer curvas em molhado, sem aceleração (e tenho um medo do caraças de desacelerar em curva nestas condições lol), é a minha fonte de feedback principal, e mais fácil de obter na minha opinião. Ao acelerares, se já tiver perto do limite de aderência, começas a sentir o pneu traseiro a "deslocar-se", a fazer certa pressão como se inclinasses ligeiramente a moto, a dar de si, e sabes que estás no limite, se puxas mais, se ganhas mais velocidade, a mota entra em derrape. Se a traseira está no limite com aceleração (e ainda não está em drift), reduzir a aceleração com suavidade, faz voltar a ganhar alguma aderência, se aceleras mais, faz fugir mais, mas atenção, é reduzir a aceleração, não é desligar o acelerador, a traseira tem de continuar, no mínimo, a acompanhar a frente, se por algum motivo, trava/abranda, pode correr mal. Outra coisa muito importante, e mais uma vez menciono, se a traseira já está em derrape (digo, com ângulo), esqueçam o desacelerar, pela mesma razão acima, mas com consequências diferentes, que é ganhar aderência. Se a traseira, em derrape (digo, traseira a atravessar-se), ganha aderência (seja por input no guiador e levantarem-se, seja por desacelerarem), arriscam-se a ser disparados em Highside. Só podem deixar a roda traseira ganhar aderência, quando está alinhada com a da frente, se já está em drift, esqueçam, mantenham o acelerador, e não tentem levantar a moto, se querem levantar a moto e parar o drift, continuem no gás, à medida que se levantam muito suavemente, de modo a nunca deixar a traseira agarrar. Está levantada e alinhada, podem abrandar o acelerador com suavidade e cuidado.
O lixado disto tudo, é que é mais fácil falar do que fazer. Até porque muitas vezes tudo isto acontece muito rápido, temos sempre impulsos parvos, e é complicado controlar tudo, daí o melhor de quando isto acontece, é deixar a mota endireitar-se por si, não desacelerem, deixem o guiador à vontade, que a maior parte das vezes a moto corrige-se por si própria. Mas melhor melhor, é conduzir com cuidado, ter margem de aderência, erros e estar em segurança.
JorgeMaiaMarques escreveu:
há um factor que acho que está a faltar-lhe relevância, é o de conhecer a estrada... (...) é completamente diferente uma curva que se conhece de uma curva que n se conhece, se a conhecemos só ligamos à mota..
Exactamente, quando se conhece, sabe-se como é início, meio e fim da curva, sabe-se onde se deve entrar, e como se deve de sair. Não há surpresas a nível de trajectória, nem é necessário aplicar correcções. De mota é difícil (e perigoso) curvar rápido em curvas que não se conhece.
Daí tornar-se mais simples quando se tem "guia" que conheça, porque se pode seguir as trajectórias do gajo da frente. Mas é preciso atenção, e conhecer o ritmo de quem seguem, se for muito superior ao vosso, também se metem em riscos ao tentar acompanhar. Quando não conhecem bem, façam análise aos primeiros conjuntos de curvas, e entrem com mais precaução, se acompanharem sem problemas, bora lá.
PS: como disse, isto é o que obtive da minha (em parte, curta) experiência pessoal, e alguns conhecimentos que fui adquirindo, se houver alguém que tenha algo a acrescentar e corrigir, estejam à vontade. Por vezes pensamos que estamos a fazer as coisas bem, e há erros
Última edição por daikoni em novembro 14th 2014, 14:49, editado 1 vez(es)
F1CT1C10U5 Administrador
Pendura : A Maria!
Número de Mensagens : 16301 Idade : 45 Localização : Casal da Silveira - Lisboa Mota/Modelo : 2008 Honda CBR 1000RR '¹³' Data de inscrição : 12/05/2009
Não sei se ajuda, mas eu já encontrei o meu limite... foram 90º... Não recomendo.
ahaha 140º com ela em cima da minha perna e raspar a bolha no alcatrão...
A única coisa que digo do que li até agora é que a teoria é muito gira, veja-se que a malta (MOTOGP e afins) que passou a vida em cima delas a fazer voltas atrás de voltas manda com cada malho quando mais o zé de telheiras que se mete em aventuras nas nossas maravilhosamente pavimentadas estradas...
De resto usem IRC como os meus que nunca vão descobrir o que é um highside... parecem manteiga!
Daikoni Administrador
Número de Mensagens : 9222 Idade : 36 Localização : Lisboa Mota/Modelo : CBR600F 2012 Data de inscrição : 27/05/2013
Verdade, é isto mesmo, até pessoal experiente como esses, às vezes corre mal, e têm Lowsides/Highsides, e tudo mais..
RAMMSTEINER escreveu:
De resto usem IRC como os meus que nunca vão descobrir o que é um highside... parecem manteiga!
Eu sei que já andei com isso quando tinha a 250R. São bons professores para o drift, no molhado é impossível andar com eles agarrados ao chão... é sempre a escorregar...
ivoalves CBR 150
Número de Mensagens : 163 Idade : 38 Localização : Cacém - Sintra Mota/Modelo : Honda CBR 954 RR 02 Data de inscrição : 21/08/2014
estive a ler este tópico, e gostava de ver se consegui entender a relação...
A pergunta que coloquei era especificamente sobre o aquecimento do pneu, mas no fundo está relacionado correcto? porque vou entender pelos inputs vindos da mota se o pneu está ou não quente o suficiente, porque se não estiver essas vibrações e feelings que falas acontecem mais cedo é isso?
Outra questão sobre a estrada, tenho sempre receio em especifico com um sitio em particular, quem é daqui da zona conhece, a CRIL... da IC19 até Algés, a estrada é boa e com curvas largas, mas o piso é horroroso!!! a minha questão, e já ouvi opiniões diferentes uns com mais outros com menos experiencia é... Apesar dos "saltinhos" que a mota vai dar provocada pelo asfalto, ela vai agarrar?
ZéPiqueno CBR 600F
Número de Mensagens : 1041 Idade : 39 Localização : Lisboa Mota/Modelo : Suzuki GSXR 600 L0 | ex - Kawa Ninja 250R Data de inscrição : 07/08/2012
A pergunta que coloquei era especificamente sobre o aquecimento do pneu, mas no fundo está relacionado correcto? porque vou entender pelos inputs vindos da mota se o pneu está ou não quente o suficiente, porque se não estiver essas vibrações e feelings que falas acontecem mais cedo é isso?
Outra questão sobre a estrada, tenho sempre receio em especifico com um sitio em particular, quem é daqui da zona conhece, a CRIL... da IC19 até Algés, a estrada é boa e com curvas largas, mas o piso é horroroso!!! a minha questão, e já ouvi opiniões diferentes uns com mais outros com menos experiencia é... Apesar dos "saltinhos" que a mota vai dar provocada pelo asfalto, ela vai agarrar?
A questão, é que precisas de sentir a aderência dos pneus à estrada. À medida que vão aquecendo, vais sentindo-os "colar" mais à estrada. Qualquer das maneiras, como disse, há pisos (e pneus), que dão melhor feedback que outros. O ideal é andarem em segurança. Não quero que me venham dizer "olha caí porque não senti os pneus...". É preciso confiança, é preciso experiência... Não quero incentivar ninguém a abusar/arriscar-se, porque não é esse o objectivo.
Como já foi dito, até pessoal experiente, de topo, vai ao chão.
Os saltos causados pelo piso irregular (conheço bem a estrada que falas, e o piso não é propriamente bom, principalmente molhado), só podem ser corrigidos por 2 coisas, suspensão e pneu (que também se molda e suaviza). Se perdes por algum motivo o contacto com o asfalto, seja lixo, folhas, óleo, por muito bom que seja o pneu, não há milagres. Nem eu nem ninguém te pode garantir que mantenha a aderência. E mesmo que não percas o contacto por completo, estes saltos reduzem-te ainda mais o atrito entre os pneus e asfalto pelas variações de pressão entre ambos.
Gabriel Gonçalves CBR 600F
Número de Mensagens : 1091 Idade : 38 Localização : a andar de mota Data de inscrição : 17/10/2010
Sempre que existem teste de MotoGP, WRC ou Formula 1 por exemplo, onde aja pilotos que fazem sua estreia na categoria, sigo sempre com grande atenção. Tenho sempre curiosidade em saber quais as impressões dos novos pilotos.
Pois bem esta semana vimos algumas estreias no MotoGP, e além dos comentários (esperados) há potência brutal das MotoGP, aquilo que me leva a criar este tópico, foi as diferenças que os pilotos que vieram das Superbikes notaram nos pneus. Com os pneus do MotoGP conseguem ângulos de inclinação incriveis, e facilmente conseguem fazer coisas impensáveis (até para eles) como roçar com o cotovelo no asfalto.
Nunca fiz um track day sequer, pelo que provavelmente é um feeling que nunca irei ter na minha vida, mas estou curioso.
Como um piloto sabe qual o limite de aderência e inclinação máximo que uma dada mota tem? Quais os feelings que a mota transmite para eles saberem "Ok este é o limite". Sei que algumas vezes eles só sabem a resposta com as quedas, coisa que obviamente não convém.
Abc a todos.
Boas finalmente um assunto que gosto , curvar , há inúmeros fatores penso que fizes te a pergunta errada porque para mim o limite de inclinação que faço depende de vários fatores mesmo na mesma estrada variando o resultado mas estando a falar de condições e pneus semelhantes na mesma estrada o teu limite vai do felling , da disposição que estas nesse dia no avontade que tens nesse determinado dia e dai resulta muito a tua maneira de fazer as curvas , a melhor forma na minha opinião para evoluíres a curvar e conheceres a mota e o felling de chegares ao teu limite e fazer um trackday ou no teu caso em braga tens as happy hours que te fica mais em conta , com alguém que tenha experiencia para te dar umas luzes de como atacar as curvas mostrar as trajetórias corretas , posição correta do corpo na moto entre outros fatores , eu no meu caso vi e revi milhares de vídeos e atirei me la para dentro em braga e digo te aprendi a andar de mota foi la evolui 200% e quem daqui não queria ir tinha medo convencio os e adoraram e viram que falava com razão , e la que se aprende a andar e muitas coisas uteis para o dia a dia também , em vez de me alongar mais e daqui a pouco já tantas opiniões diferentes que ficas confundido e visto que es de perto espera o bom tempo e alinha num passeio da malta daqui do norte a baião ou ao geres ou então basta vir sol marcamos um café e dentro do que sei dou te umas dicas e vamos fazer uma estrada porreira aqui pela zona com curvas não muito agressivas que dê para veres e depois ires tu ajustando a tua maneira de curvar a ver se ajuda
António CBR 400RR
Número de Mensagens : 657 Idade : 52 Localização : LX Mota/Modelo : CBR 1000RR 12 Data de inscrição : 07/04/2010
Eu também sou dos que insiste em deixar um dedo de rasto de cada lado nos pneus sem ser gasto...e não tenho vergonha nenhuma disso.
Se gostava de comer o pneu todo, claro que sim, mas não vivo obcecado por isso. Tenho a perfeita noção que em via pública isso é quase impossível, e espero um dia, quando decidir andar em pista, começar a evoluir nesse sentido.
Por enquanto o meu limite é quando me lembro que o alcatrão queima e os arranjos são caros. Quando penso nisso, chego logo ao meu limite
ColeRR CBR 400
Número de Mensagens : 469 Idade : 44 Localização : Braga Mota/Modelo : CBR 1000RR Data de inscrição : 26/08/2010
Temia que o tópico fosse para coisas que não tem muito a ver com a minha intenção. A minha questão era sobre o feeling que a bike dá que permite ao piloto saber que está a chegar aos limites.
Esta questão, a vertente principal é mesmo a curiosidade. E se possível aplicar e evoluir própria condução. Não é para corridas, não é comer o pneu todo, não é para nada disso. É apenas para satisfazer a curiosidade, ganhar conhecimentos e claro se possível dar um pouco de uso.
Seja com 125, 600, 1000, 5000 a porra é a mesma, apenas muda a velocidade.
Também gosto destes tópicos e garanto-vos que não fiquei confuso