Pois bem, na passada manhã de Sábado, tive a oportunidade de acrescentar mais um modelo de moto aqueles que já experimentei.
Foi a vez de uma Yamaha XT 660Z Tenere de 2008. A mota foi-me deixada para colocar um kit de transmissão trocar o óleo de travões e resolver uns problemas com o xénon. O proprietário disse-me para quando a tivesse pronta, deveria ir dar uma volta com ela para perceber se estava tudo em condições, visto a ter comprado à relativamente pouco tempo, e ser a sua primeira mota "grande".
Basicamente esta Ténéré possui exatamente o mesmo motor e quadro utilizados na XT 660X, conta com 47cv e caixa de 5 relações.
Fiz cerca de 100/120km divididos entre cidade e via rápida. Devo dizer que muito do que vou dizer, já estava à espera da parte deste motor e da estrutura da mota.
Tem potencia de motor Q.B. mas não é nenhum supra sumo de potencia e de binário, a caixa de 5 velocidades é estranha, bastante estranha mesmo... A 1ª,2ª e 3ª relação são muito curtas, mas depois a 4ª e a 5ª conseguem ter o equilíbrio normal. É uma moto que tem de se trabalhar muito com a caixa, porque assim que a rotação cai abaixo das 2mil RPM o motor começa a bater bastante.
Para andar em cidade torna-se cansativo, mas depois em AE surpresa das surpresas, estava a espera de um motor muito limitado em termos de velocidade, mas não, facilmente se atinge os 160km/h e devido ao vidro alto que possui, nem damos conta a que velocidade se circula.
Pelo que percebi, 6 mil RPM é o ponto máximo de potencia, se passarmos daí até ao corte (8 mil RPM) é só estar a "escafiar" o motor sem tirarmos o minimo partido.
Sinceramente não passei dos 165km/h, mas acredito que seja moto para atingir os 180/190km/h.
Tem um bom comportamento dinâmico a nível de suspensões, a ponto de dar por mim a andar a velocidades elevadas em ruas bastante sinuosas, com carris de eléctrico,calçada e muita buracada à mistura sem qualquer tipo de problema, sem sequer ter de levantar o cu do banco. Fiquei mesmo impressionado.
Esse também é outro aspecto a ter em conta, ao contrário de muitas outras trail que conduzi, não se perde a ligação de piloto/mota por ser conduzida em pé. Nesse aspecto agradou-me bastante.
Como todas as Yamaha's trava bem, está equipada com o sistema Brembo, desde as pinças até à master bomba. Penso que existe algum exagero no poder de travagem atrás, a mota é muito leve atrás, e mal se toca no pedal de travão traseiro a roda bloqueia logo. Devo dizer que passei a manhã toda a "divertir-me" a fazer slides devido ao facto do pneu de trás estar ressequido e parecer um bocado de "plástico", e também pelo facto de se conseguir controlar facilmente a traseira a deslizar.
Em termos de conforto, para o tipo de mota que é, achei bastante confortável e com alguns aspectos importantes que foram tidos em conta para o conforto do utilizador, face à brusquidão do motor monocilindrico.
As peseiras do condutor são cobertas por uma borracha grande para apoiar bem os pés, borracha essa bastante mole para absorver as turpidações.
O banco, muito sinceramente não sei se é o de origem, mas se for, é uma aposta muito bem ganha, 5 estrelas mesmo.
O quadrante tem bastante informação, tais como, nível de combustível, horas, velocímetro digital, conta rotação, conta quilometros, mas depois uma grande falha é não apresentar a temperatura de trabalho do motor.
Outra coisa que notei, segundo o proprietário, esta mota dorme na rua à cerca de 1 ano, o antigo dono tinha garagem, portanto tem 5 anos de garagem com 1 ano na rua... Não me surpreendeu nada, porque sei que é um dos pecados mortais das Yamaha, mas faz-me confusão como uma mota destas, apresentar muito pontos de ferrugem, muito plástico queimado do sol e até ressequido.
Estavam também montadas 2 panelas de escape Akrapovic, resultado disso é uma sinfonia brutal para quem gosta como eu do "barulho de tractor". Era lindo largar o acelerador num descida e ela vir por ali abaixo aos "tiros".
Quanto ao deposito de combustível, é bastante grande, não sei precisar quantos litros leva, mas diria uns 25L.
Os 25L de gasolina não são nada demais, porque quando se aperta mais um bocado com o bicho ela abre as goelas e bebe que se farta!
Em suma, tive muita pena de não ter oportunidade de ir fazer um estradão no mato ou dar um passeio num pinhal para saber o comportamento dela no seu habitat natural, mas deu para perceber até onde pode ir, as suas limitações e os seus trunfos.
Não é de todo o meu estilo de mota, nem a minha marca, não era uma escolha se tivesse que optar por uma trail, mas não é tão má de todo. Não querendo ser mau demais, se me oferecessem uma, não diria que não... Mas todos aqueles plásticos e ferros saltavam fora, a cremalheira ganhava mais 5/6 dentes e rezava para enquanto andasse nas minhas mãos não "deitasse" o motor!
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