Os aventureiros que integram o projecto “RUSSIA, THE WORLD’S LONGEST ROAD” inquietaram-se com a água nestas duas etapas. De facto, por estas bandas o signficado de chuva não tem a mesma "distância" (leia-se: significado) que na Rússia. Pelos vistos, lá, a água molha na mesma, mas por muito, mas muito mais tempo e quilómetros. Perseverança foi precisa para percorrerem um total de 1196 km entre Chita, Ulluan (694 km) e Listwianka (502 km). Pelo caminho ainda foram brindandos com um trajecto mais animador, mas depois já se adivinha...
Aqui fica o relato da etapa entre Chita e Ulluan:
"Chita contrariou mais uma vez a minha imagem das cidades russas. Pelo menos na Sibéria as cidades têm revelado sempre o seu charme em espaços desafogados e em edifícios restaurados, revelando o peso da história e do tempo que já viram passar. Assim foi com Chita, uma cidade que já teve vários destinos que o tempo mudou.
A etapa começou atribulada com algumas avarias de pouca importância e quase uma panne seca, por distracção e preguiça. A chuva aumentou o mau humor que nem o almoço ligeiro resolveu. Mas a tarde reservava-nos talvez um dos melhores percursos da viagem. A paisagem adoçou-se em dunas verdes de curvas suaves até às montanhas azuladas pela distância, surgiram pessoas, animais e aldeias com casas de madeira e chaminés fumegantes e vales com rios a preguiçar ao sol riscados por um comboio de brincar.
Paisagem mongol, que se estende de Ullan Ude para sul até Ullan Bator na Mongolia e dai até ao misterioso Gobi."
Aqui fica o relato da etapa entre Ulluan e Listwianka:
"Água. Água no céu, na terra e no ar, e mais água nos fatos de chuva, nas luvas e nas botas. Choveu o dia todo, os camiões chafurdavam pesadamente e acertavam-nos com blocos de água quando nos cruzávamos no momento errado. A estrada parecia mais apertada pela falta de visibilidade, pelo frio e pelo desconforto.
O Baikal surgiu de repente á direita, como um mar de Novembro, cinzento, sem fim, colado ao céu. Manteve-se assim durante os trezentos quilómetros que fizemos descendo a sua margem oriental. Numa aberta, paramos para nos sacudirmos, e acabamos a comer omul, um peixe cru fumado exclusivo do Baikal que experimentamos na borda da estrada com a vista possível sobre o extraordinário lago."
Fonte:Motociclismo
T@go CBR 650
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Número de Mensagens : 5395 Idade : 48 Localização : Cascais Mota/Modelo : Hornet Data de inscrição : 01/05/2009
Os viajantes do “RUSSIA, THE WORLD’S LONGEST ROAD” tomaram uma decisão sensata, que lhes permitiu evitar o que poderia vir a ser uma penosa jornada de 1400 km seguidos para chegarem a krasnoyarsk. A opção foi interroper a viagem em Tulun e pernoitar nessa localidade. Essa decisão valeu-lhes uma maior frescura para aguentarem um trajecto de 400 km, em que a chuva, água, terra, lama se uniram só para criar dificuldades e testar a paciência...
Aqui fica o relato da etapa entre Listwianka e Tulun:
"Foi uma etapa imposta pela gestão dos quilómetros: ou 500 km até Tulun, e daí mais 850 até Krasnoyarsk… ou quase 1400 km por inteiro. A estrada revelou-se sem interesse, monótona e mesmo sendo curta, demasiado longa. Não ficaram imagens desta etapa, marcada por um trânsito crescente, sem graça e indiferente. Paramos em Tulun, uma aldeia de estrada, descaracterizada, e ficamos num hotel que mais parecia um nigh-club, com corrimões cromados, uma porta autoritária e letras vermelhas gritantes."
Aqui fica o relato da etapa entre Tulun e krasnoyarsk:
"Saímos de Tulun, começou a chover e o alcatrão acabou. E foi assim durante 400 quilómetros, com poucas abertas e alguma estrada, tira o fato, e logo chuva e terra a ameaçar transformar-se em lama, põe o fato. À tarde tentamos secar, mas continuamos de novo com chuva e frio até Krasnoyarsk. A paisagem siberiana parece ter-se aborrecido de nós e virou-nos as costas. Valeu uma paragem num bosque, num troço de terra, para um café inesperado aquecido num samovar. Coisas simples, grandes momentos."
Fonte:Motociclismo
T@go CBR 650
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Número de Mensagens : 5395 Idade : 48 Localização : Cascais Mota/Modelo : Hornet Data de inscrição : 01/05/2009
Pela frente tinham mais uma tirada longa, porém uma avaria na transmissão da moto de um dos participantes do “RUSSIA, THE WORLD’S LONGEST ROAD”, forçou a interrupção da jornada. Como bons portugueses, embora contando com a precisosa dos russos, os viajantes lá conseguiram "amanhar" uns rolamentos de maquinaria industrial que "encaixavam" na transmissão da moto. E assim puderam seguir viagem até Novosibirk...
Aqui fica o relato da etapa entre Krasnoyarsk e Kemerobo:
"O Ricardo deixou cair o capacete duas vezes, como que a adivinhar o que não poderíamos deixar acontecer neste dia, perder a cabeça. Saímos do transito infernal de Krasnoyark para a M53 e começamos a etapa do dia que era longa, cerca de 850 km. Estrada chata, com o trânsito de camiões a crescer. Notávamos já uma diferença em relação aos dias anteriores em que fazíamos quilómetros sem companhia. Agora os grandes camiões competiam com o comboio que se cruzava repetidamente no nosso caminho.
A BMW do Ricardo começou com uns ruídos estranhos que fomos fazendo por não ouvir. “Temos que ir pra frente, certo?”. Continuamos: A coisa piorou, nomeadamente nas curvas a baixa velocidade. Um exame á roda de trás revelou o que ninguém queria ver: o disco e os parafusos de fixação estavam seriamente arranhados. Desmontamos a maxila do travão de trás e tentamos continuar. 100 quilómetros depois, ao parar para atravessar mais uma vez a linha do comboio, a BM recusou-se a avançar. O ruído da transmissão era assustador. Parecia que estava a mastigar pão duro com um dente partido e maionese estragada. Paramos e preparamo-nos para o pior. Krasnoyark estava a 435 quilómetros para trás. Novosibirk a outros tantos para a frente. Os comboios passavam longos e vagarosos, a olhar para nós, como que a dizer que a única forma de sair dali era da estação mais próxima para Moscovo. E isso era tudo o que não queríamos sequer pensar.
Fomos parar a Kemorobo pelas 23h da noite. Milagrosamente, conseguimos arranjar apoio de Kemorovo: O Maxim e o Fedor foram buscar-nos a numa Mitsubishi com um atrelado próprio para snow-bikes. A 1150 sem pára-brisas e sem espelhos coube dentro do atrelado como numa cama acabada de fazer.
A BMW ficou num pavilhão escuro, de mecânica pesada, rodeada de motos de neve, algures em Kemorobo, a 150 quilómetros o ponto onde paramos."
Aqui fica o relato da etapa entre Kemerobo e Novosibirk:
"Extraordinariamente, com as indicações recebidas de Portugal (o Esteves/BOXMOT esteve acordado a enviar-nos dados técnicos e os desenhos da transmissão da moto).
O Sergei desmontou a transmissão e confirmou o problema: o rolamento 5 não aguentou os 119.000 km que o boxer da 1150 engoliu em estradas africanas, e depois de passar a parte mais dura da viagem na Rússia, morreu. No azar, tivemos sorte. Depois de uma operação de desmontagem delicada, o Maxim encontrou rolamentos industriais equivalentes em Kemorobo, e substituiu o 5 e o 3. Quatros horas de esforço e mais de um dia de suspense.
Pelas 18h estávamos de volta à estrada para testar a BMW com transmissão reconstruída: fizemos cautelosamente cerca de 250 km e chegamos a Novosibirsk pela 22h, confiantes que tudo tinha voltado ao normal."
Fonte:Motociclismo
Wolfman CBR 250R
Número de Mensagens : 319 Idade : 44 Localização : V.N.Gaia Mota/Modelo : Suzuki GSX-R600 K5 Data de inscrição : 31/07/2010
119.000km´s sem verificar o estado da transmissão, mesmo sendo por veio e tendo manutenção (óleo/valvulina), é arriscar demasiado e calhou quebrar logo numa viagem curta, mas complicada.
Pena não existir mais fotos...
T@go CBR 650
Pendura : ..............Sofia!!
Número de Mensagens : 5395 Idade : 48 Localização : Cascais Mota/Modelo : Hornet Data de inscrição : 01/05/2009
Esta etapa fica marcada pelos extremos do clima. Na parte da manhã, temperatura de 10ºc; ao início da tarde, uma chuva torrencial que obrigou os viajantes do “RUSSIA, THE WORLD’S LONGEST ROAD” a pararem cerca de duas horas; e no final da etapa, um inusitado calor de 29ºC conjugado com um pó também estranho.
Aqui fica o relato da etapa entre Novosibirk e Omsk:
"A estrada entre Novosibirsk e Omsk é quase uma recta de 760 km. E isso que vemos no mapa, e é isso que ficou nas nossas memórias. A temperatura do ar foi subindo lentamente desde os frescos 10ºc da manhã, até que uma tempestade nos barrou a estrada pelo princípio da tarde. Àgua, relâmpagos e trovoada constantes durante mais de meia hora. Abrigamo-nos num self-service bem sinalizado com camiões parados, que avisavam o perigo na estrada e almoço na mesa. Arrancamos duas horas depois e aproximamo-nos de Omsk, debaixo de uma luz coada estranha. Fizemos cerca de 200 quilómetros como se fossemos a caminho de um incêndio gigante, com o sol abafado por trás de campânula avermelhada que parecia sufocar-nos. A temperatura do ar subiu até uns surpreendentes 29ºc. Omsk parecia mergulhada numa nuvem quente de pó castanho. A cidade parece estar rodeada de uma cintura industrial que provoca este ambiente fantasmagórico. Paramos no final do dia, transpirados e empoeirados como não sucedia há muito."
Fonte:Motociclismo
NunoTeixeira CBR 600F4
Número de Mensagens : 2929 Idade : 40 Localização : Cascais Mota/Modelo : CBR 600 rr 07 Data de inscrição : 27/10/2008
Após cometerem uma infracção na estrada, os participantes do “RUSSIA, THE WORLD’S LONGEST ROAD” tiveram direito a uma "acção de sensibilização" caricata... ficaram de "castigo" durante 15 minutos sentados no banco de trás de um carro patrulha. A situação não esteve fácil, segundo contam.
Aqui fica o relato da etapa entre Omsk e Tyumen:
"Parece que toda a gente está a fazer esta estrada. Nos 640 quilómetros de hoje não fizemos outra coisa ao longo das rectas de alcatrão remendado que não ultrapassar e ser ultrapassado pelos companheiros de estrada que trazemos connosco desde há uns dias. Uns a caminho de Paris, outros da Roménia, outros de Moscovo. Uns param aqui, outro mais á frente, vamos acenando e fazendo mais uns quilómetros. Ao almoço, parece que combinado, Paramos para a mesma sopa russa num restaurante de berma de estrada.
À tarde a polícia apanhou-nos a pisar um risco contínuo ao fim de uma recta de quase 70 quilómetros lotado com filas de camiões. A coisa esteve preta, com todos os documentos apreendidos, um castigo de quinze minutos no banco de trás do carro patrulha e um discurso russo incompreensível entre ameaçador e gozão. Mas a verdade á que não estávamos a perceber muito bem como a coisa ia acabar.
Ultrapassada a questão sem multa aplicada, dirigimo-nos para Tyumen, a reclamada capital da Sibéria."
Fonte:Motociclismo
T@go CBR 650
Pendura : ..............Sofia!!
Número de Mensagens : 5395 Idade : 48 Localização : Cascais Mota/Modelo : Hornet Data de inscrição : 01/05/2009
Os viajantes do projecto “RUSSIA, THE WORLD’S LONGEST ROAD” concluiram as últimas duas jornadas em solo siberiano. A meta, em São Petersburgo, está cada vez mais próxima...
Aqui fica o relato da etapa entre Tyumen e Ekaterinburg:
"A Sibéria está a ficar para trás. Nestes 485 quilómetros o trânsito aumentou drasticamente, a estrada alargou e a polícia não dá descanso. Vale tudo. Se acreditarmos nos sinais de luzes dos condutores que se cruzam connosco, seguirmos alguns quilómetros a velocidade reduzida e perscrutarmos a estrada, damos conta de um carro patrulha camuflado até ao tejadilho nos arbustos da berma, ou bonés redondos azuis a sobressair da moita como girassóis radioactivos, ou um polícia com pistola radar em posição de corrida nalgum atalho de terra lateral. O prevaricador é literalmente assaltado. Se não morre da multa, morre do susto ao ver de repente a estrada energicamente barrada por uma figura azul temerosa que ocupa a faixa com gestos enérgicos de forma a não deixar duvidas que a vida se vai complicar a partir dali.
Depois de alguns quilómetros em sobressalto fomos expiar os nossos pecados numa espécie de purgatório com águas escuras, com cerca de quarenta graus fumegantes.
Ekaterinburg surgiu com arranha-céus, auto-estradas, viadutos e semáforos repentinos. Uma cidade moderna e industrial, que parece não dormir antes das duas da manhã, com night-clubs a piscarem o olho noite dentro e barulhentas corridas de automóveis nas avenidas da cidade."
Aqui fica o relato da etapa entre Ekaterinburg e Izeveshk:
"Ekaterinburg é a última cidade asiática, e por isso siberiana, na estrada para Moscovo. O local está marcado por um risco branco num pódio de cimento, encabeçado por uma estrutura simples de ferro. Presos no monumento, estão dezenas de cadeados bloqueados por jovens casais com dúvidas sobre a fidelidade prometida. As chaves estarão espalhadas pela floresta logo atrás, para lá de um muro feito de milhares de garrafas de espumante vazias, empilhadas entre ripas de madeira como se estivessem numa garrafeira.
Continuamos na direcção dos Urais. É preciso ir com atenção, porque são montes ainda com tiques siberianos, quase planos. No transiberiano não se dá por eles. Na estrada, as curvas largas e o ligeiro sobe e desce constituem uma novidade. No entanto nunca ultrapassamos os quatrocentos metros de altitude. Avistamos Perm, uma cidade fumarenta pintada a cinzento espesso do lado de lá de um rio triste, rodamos sobre montes suaves tonalizados por verde murcho, cruzamos aldeias com casas escuras de madeira velha e telhados de chapa. A paisagem alternou entre pequenos quintais, floresta e alguns pastos ralos com gado conformado entre lagoas de água parada ameaçadoramente escura. Por vezes surgiam mesmo ao lado da estrada pequenos terrenos desflorestados espicaçados por maquinarias de extracção de petróleo, com as suas cabeças de pato esforçadas a dizerem que sim repetidamente. No meio da floresta, avistamos torres demasiado baixas a queimar excedentes de gás em labaredas perigosas que competiam com o sol acastanhado do fim do dia.
Paramos em Izeveshk, com chuva miudinha e o céu escuro a tornar irreal a extraordinária catedral de cidade."
Fonte:Motociclismo
Val CBR 600F
Número de Mensagens : 1047 Idade : 55 Localização : oeiras Mota/Modelo : Famel (fosga-se a mota é linda) Data de inscrição : 11/11/2009
no Long way around Londres-NewYork (serie protagonizada por Ewan Mcgregor e Charley Boorman) a KTM depois de ver o projecto da viagem não patrocinou a série com dúvidas que as motos resistissem. A marca Germânica (BMW) não teve receio e ofereceu 3 motos preparadas para o desafio. Que foi concretizado com sucesso. Depois surgiu o Long Way Down Londres-CapeTown.
Última edição por nium em agosto 27th 2010, 13:31, editado 2 vez(es)
Val CBR 600F
Número de Mensagens : 1047 Idade : 55 Localização : oeiras Mota/Modelo : Famel (fosga-se a mota é linda) Data de inscrição : 11/11/2009
A BMW GS é a moto dos GlobTrotters um modelo de moto que desenvolveu o conceito de aventura que permanece latente no espirito de qualquer motociclista com ambição a viajante. Considerada por muitos "A MELHOR MOTO DO MUNDO"
T@go CBR 650
Pendura : ..............Sofia!!
Número de Mensagens : 5395 Idade : 48 Localização : Cascais Mota/Modelo : Hornet Data de inscrição : 01/05/2009
O ambiente mudou. Depois de milhares de quilómetros de paisagens camprestes, com a aproximação a Moscovo a equipa do “RUSSIA, THE WORLD’S LONGEST ROAD” começou a sentir os efeitos do tráfego da maior metróple russa.
Aqui fica o relato da etapa entre Izeveshk e Kazan:
"A etapa do dia permitiu mais uma hora de sono e uma visita matinal à catedral de Izveskh e ao Museu Khalasnikov. Assim rezamos e demos uns tiros.
Chegamos a Kazan ao final do dia, como vem sendo hábito, com o sol de frente a deixar a cidade em contra-luz. Descobrimos a cidade à noite."
Aqui fica o relato da etapa entre Kazane e Vladimir:
"Aprendemos que depois das noites frias, os dias nascem frescos e vão aquecendo até ao fim da tarde. À medida que nos aproximamos de Moscovo, o trânsito aumentou estreitando a estrada de alcatrão ondulado pelo calor e pelo peso dos camiões, A temperatura foi subindo até uns surpreendentes 36 graus que nos fizeram derreter, e o céu tornou-se castanho, apesar do sol alto. A quatrocentos quilómetros de Moscovo passamos alguns terrenos ainda fumegantes. Respirar tornou-se desagradável, com o ar aquecido pelos canos de escape dos camiões e pela cinza flutuante dos incêndios.
As notícias dos dias anteriores falavam de um ambiente pesado em Moscovo, e de vários congestionamentos de trânsito gigantescos à volta da cidade. Viciados nos espaços livres da Sibéria, nas estradas abertas e nos céus profundos, perdemos a pouca coragem que guardávamos para enfrentar o inferno da metrópole. Paramos num motel de estrada perto de Vladimir, a 150 km de Moscovo, e confirmamos na televisão os nossos receios. Moscovo parecia estar no meio de uma tempestade de areia quente, que parava os carros e sufocava as pessoas."
Fonte:Motociclismo
T@go CBR 650
Pendura : ..............Sofia!!
Número de Mensagens : 5395 Idade : 48 Localização : Cascais Mota/Modelo : Hornet Data de inscrição : 01/05/2009
Helder Colmonero, João de Menezes e Ricardo Cardoso
A última etapa foi vivida pelos participantes do projecto “RUSSIA, THE WORLD’S LONGEST ROAD” com uma ansiedade crescente. Afinal de contas, a meta estava cada vez mais próxima. Foram cerca de 17500 quilómetros percorridos, depois de terem saído da cidade oriental de Vladivostok para cruzarem a estrada mais longa do mundo. Chegaram a São Petersburgo 17 dias depois.
O périplo foi protagonizado pelos portugueses João de Menezes, Helder Colmonero e Ricardo Cardoso, acompanhados pelo polaco Slawoj Puszkarski, e mais dois participantes russos.
A MOTOCICLISMO, que patrocinou o “RUSSIA, THE WORLD’S LONGEST ROAD”, acompanhou on-line etapa a etapa a evolução desta aventura. Ainda assim, muitas histórias ficaram por contar. Como tal, prometemos publicar numa próxima edição outros pormenores e incidências desta grande viagem que agora chegou ao fim. Não perca!
Aqui fica o relato da etapa entre Vladimir, Moscovo e São Petersburgo:
"Contornamos Moscovo pela circular mais externa da cidade durante quase duas horas. As filas de trânsito avançavam em espasmos curtos. Ganhamos terreno metro a metro entre os carros e os rails das bermas, e acabamos por conseguir virar para oeste na direcção de St. Petersburg, com vontade de acelerar e 28 graus nos termómetros das GS. Mas o sol desapareceu com a primeira centena de quilómetros, o céu escureceu e baixou repentinamente. Começou a chover cada vez mais e a temperatura caiu até aos 9 graus. A estrada tornou-se invisível com a chuva e as cortinas de água das filas intermináveis de camiões. Os sulcos profundos marcados no alcatrão faziam rabiar as motos inesperadamente, a meio de uma ultrapassagem ou quando urgia recolher para a faixa da direita.
A duzentos quilómetros de St. Petersburg avistamos uma faixa laranja luminosa que anunciava o fim da tempestade lá para onde apontava a estrada. Parecia um fim de dia glorioso. Com o alcatrão a secar e a sensação de que estávamos a pouco mais de duas horas de concretizar a travessia de toda a Rússia, ganhamos alento para continuar até St. Petersburg no golfo da Finlândia, 17 dias depois de deixarmos Vladivostok na costa russa do Pacifico. Por milagre entramos na cidade directos ao Park Inn, que tinha quartos disponíveis e cerveja russa gelada no bar."