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 12.º Lés-a-Lés marcado pela dureza

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T@go
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MensagemAssunto: 12.º Lés-a-Lés marcado pela dureza 12.º Lés-a-Lés marcado pela dureza Icon_minitimejunho 8th 2010, 08:31

12.º Lés-a-Lés marcado pela dureza 070610_todas_curvas_h



O estado de espírito dos participantes na chegada à portuense Avenida dos Aliados foi reflexo fiel de uma das mais exigentes edições na história da maratona mototurística. As marcas de cansaço nos rostos da recordista caravana de aventureiros do 12.º Portugal de Lés-a-Lés/Moviflor eram disfarçadas com rasgados sorrisos de satisfação pelo prazer do dever cumprido...

Entre aplausos e elogios, alguém disse, no final da longa e dura ligação de Faro ao Porto, com paragem em Sintra, que este era «um cocktail com um sabor diferente». Às belezas do património, construído e natural, juntou-se, na comemoração do 20.º aniversário da Federação de Motociclismo de Portugal, a capacidade de superação dos condutores e penduras das 1140 motos que cumpriram um percurso que, para celebrar condignamente a efeméride, passou à porta de vários dos motoclubes fundadores da FMP.

Em ano de todos os recordes, com a maior caravana de sempre englobando quase 1300 motociclistas, muitos apontavam o dedo a um trajecto que, inicialmente, era visto como fácil e pouco interessante, longe do perfil tradicional da maior aventura mototurística do Mundo... Mas, no final, o 12.º Portugal de Lés-a-Lés/Moviflor conseguiu superar as expectativas, assumindo como marco de relevo no património mototurístico nacional.

Um passeio aventureiro – que é disso que se trata e não de uma corrida ou competição de regularidade... – que assume, também, importante papel na divulgação histórica e paisagística do nosso País. Mostrando monumentos e paisagens, gentes e tradições, ao longo de mais mil quilómetros de entusiasmo e espanto, de diversão e descoberta, de simpatia e solidariedade.

Ingredientes que ajudaram a cumprir o desafio lançado pela Comissão de Mototurismo que anunciou a mais exigente travessia da história do evento, gizando percurso comemorativo do 20.º aniversário da Federação de Motociclismo de Portugal que, para assinalar condignamente a data, passava à porta de alguns dos clubes fundadores.


Da monumentalidade da Vila-Adentro ao misticismo de Sintra

A começar pelo Moto Clube de Faro, responsável pela organização de uma das maiores concentrações europeias de motos (15 a 18 de Julho 2010) à porta de quem os participantes do 12.º Portugal de Lés-a-Lés/Moviflor passaram logo no prólogo. À porta, ou melhor às três portas: a da sede actual, a da primeira sede e a da futura, imponente edifício que mais parece… um hotel, ponto de passagem (e estadia) de motociclistas em viagem! O trabalho do Moto Clube de Faro foi relembrado na passagem pelo Monumento ao Motociclista e no palco da concentração

Tributo a um dos fundadores da FMP naquela que foi a quarta visita à Ossónoba do tempo dos fenícios, mas apenas a primeira vez que a aventura partiu da capital algarvia.

Ao longo dos 48 quilómetros do prólogo, tempo para apreciar a monumentalidade de Vila-Adentro, o centro histórico da cidade, com destaque para o Museu Municipal e a Sé Catedral mas também o pitoresco de Santa Bárbara de Nexe, com os seus amplos pomares, ou a riqueza arquitectónica de Estoi, antes de passagem pelas importantes ruínas romanas de Milreu.

Simpático aperitivo para um traçado que se adivinhava durinho mas de grande beleza na ligação até Sintra, com paragem para reabastecimento dos aventureiros em Cuba e Benavente. Do Parque Natural da Ria Formosa ao de Sintra-Cascais, nada menos de 468 quilómetros, com madrugadora partida logo pelas seis da manhã! Pela frente 12 horas de animação, iniciadas com entusiasmantes estradas no concelho de Loulé, incluindo a Estrada Património N2, bem à medida dos desejos mototurísticos, com bom piso, curvas (muitas...) bem desenhadas e bermas ajardinadas com cedros, sobreiros e medronheiros.

Bem diferentes, os troços de terra na mesma serra algarvia por onde andou, há dias, o Rali de Portugal, com as marcas deixadas pelos potentes World Rally Cars a levantar as primeiras dificuldades aos motociclistas menos experientes, logo confrontados com a primeira das três travessias de cursos de água. Quase seca, a ribeira de Vasconcilhos – no mesmo local por onde passou o Rali Lisboa-Dakar em 2006 – não levantou problemas de maior, com o nível de exigência a subir no já emblemático Vascão e, mais tarde, na passagem pelo rio Almansor.

Notas iniciais de um road-book com a primeira grande paragem anunciada para Cuba, terra que a História diz ser de Cristóvão Colombo, contrariando a tese italiana do descobridor ter nascido em Génova. Mas se o local do nascimento do descobridor da América pode estar envolta em celeuma, poucas dúvidas restam quanto à simpatia e tradicional bom acolhimento dos alentejanos, com almoço em agradável sombra. Que tão bem soube aos mototuristas num dia com temperaturas aceitáveis, bem longe do calor abrasador que marcou a edição de 2009 do Lés-a-Lés. Uma simpatia de S. Pedro, um dos santos mais invocados pela comunidade motociclística – quase tanto como S. Rafael, o seu padroeiro – que atendeu as preces dos aventureiros, numa passagem mais amena na obrigatória travessia alentejana por Vila Alva e o interessante Museu de Arte Sacra e Arqueologia, Vila Ruiva e a ponte romana, Alvito e o paço fortificado, Viana do Alentejo e o emblemático castelo-igreja ou Alcáçovas e o palacete onde, em 1479, foi assinado, entre D. Afonso V e os reis de Castela, o primeiro dos três tratados que viria a dividir o Mundo entre Portugal e Espanha

Já no Ribatejo, mais fresco, passagem pelos arrozais junto ao Almansor, atravessando herdades rumo a Santo Estêvão onde depois da visita à pequena praça de toiros, com direito a lide montada, houve lugar a lanche. Terra de nome enraizado no Lés-a-Lés – por força do animado grupo de motociclistas nas pequenas cinquentinhas – St.º Estêvão surpreendeu a comitiva com repasto de eleição, onde nem faltaram deliciosos bolos caseiros, saídos dos fornos das mulheres da terra, em apoio ao Almansor Moto Clube.

Marcando a passagem do Alentejo para o litoral, Benavente ofereceu uma vista diferente da lezíria ribatejana e de uma das mais importantes áreas húmidas da Europa, com excepcional passagem pela ponte pedonal sobre o Sorraia. Paisagem de eleição antes do rebuscado percurso rumo à Sintra, tentando limitar a confusão das travessias urbanas, como a de Vila Franca de Xira ou Rio de Mouro. Mal necessário para atingir o fim desejado...

A serra de Sintra, de imagem mística ampliada pelo nevoeiro do fim de tarde, ofereceu as últimas curvinhas do dia, em deslumbrante ambiente propício a sonhos e lendas de princesas e cavaleiros, de lutas heróicas e amores proibidos. A densa vegetação, foi apreciado contraponto ao calor e secura de um Alentejo onde a marca do estio se vai já fazendo notar, num dia que levou a caravana entre as sedes de dois dos motoclubes fundadores da Federação de Motociclismo de Portugal. E que, no dia seguinte, haveria de terminar na cidade de outro. Mas até lá...


De Sintra ao Porto em 14 horas de curvas...

A promessa era simples! A etapa entre Sintra e o Porto, com passagem em Rio Maior e Lousã, ficaria na história, ao lado de jornadas marcantes como a que ligou Lagos a Góis, em 2004, ou Arcos de Valdevez e Marvão, em 2007. Anunciada dureza facilmente perceptível com alguns números! Com total de 533 quilómetros, as 14 horas de curvas de Sintra ao Porto, davam direito a 11 horas e 40 minutos de condução (a que se somou o tempo para almoço e mais algumas pequenas paragens nos 11 controlos secretos). A título de comparação, um ciclista profissional demora menos de nove horas para cumprir a tradicional “Porto-Lisboa” e a soma das horas de condução dos dois dias (22 h. 30) daria para ligar Portugal à Dinamarca sempre dentro dos limites do Código de Estrada...

Dados estatísticos que fervilhavam na mente dos participantes, na madrugadora despedida a Sintra, com direito a apreciar o mar logo pela manhã, na pitoresca paisagem de Azenhas do Mar, num dia em que, apesar de um percurso relativamente perto do Atlântico, só do topo das serras de podia ver, ao longe, a grande do oceano.

A passagem pela região saloia, até ao imponente Palácio Nacional de Mafra – com o gigantismo da obra mandada construir por D. João V graças ao ouro vindo do Brasil a ajudar a abrir os olhos aos motociclistas... – foi aperitivo para o dia de todas as serras, no ano de estreia do percurso na região Oeste. A começar pela de Montejunto, onde os históricos moinhos resistem numa paisagem cada vez mais marcada pelas pás das eólicas, os moinhos dos tempos modernos... No ponto mais alto da Estremadura, tempo para aprender algo mais sobre a história de Portugal, bem próximo do local onde, ainda há pouco mais de um século, era guardado o gelo que depois de enviado, de burro ou de barco, para Lisboa, permitia fazer os sorvetes que tanto furor faziam entre as classes mais abastadas do final do século XIX. Facto resultante de ser o único local onde, graças aos 666 metros de altitude, existia neve na região.

Curiosidade cujo espanto só foi superado com a visita às Marinhas de Sal, em Rio Maior, onde é extraído sal marinho... a 32 quilómetros do mar! Uma raridade natural – existem mais duas marinhas de sal-gema no Mundo! – que prendeu a atenção dos motociclistas, incluindo a comitiva federativa, liderada pelo presidente da Direcção, Jorge Viegas, em ano de estreia no Portugal de Lés-a-Lés. Capricho da natureza alimentado por uma corrente subterrânea de água sete vezes mais salgada que a do Oceano Atlântico, e onde os métodos de exploração se mantém quase semelhantes aos de há oito séculos, altura em que surge o primeiro registo histórico (1177) referente às salinas.

Intervalo cultural que serviu de preparação (psicológica...) para a subida a mais uma serra, com visita ao Parque Natural das Serras de Aires e Candeeiros, com vistas deslumbrantes nos estradões de terra batida existentes na cumeada desta.

Passagem por Fátima, a primeira do Lés-a-Lés junto ao recinto que acolheu a celebração do Dia do Motociclista em 2000 e 2002, Ourém, Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pêra com a sua surpreendente praia de ondas, antecederam travessia da serra da Lousã, com visita ao castelo junto ao rio Arouce onde, diz a lenda, estaria escondido o enorme tesouro pelo rei islâmico Arunce, pai da princesa Peralta. Aperitivo histórico para o excelente almoço preparado pelo Montanha Clube e pela Câmara Municipal de Lousã, seguido por digestivo... histórico! Afinal, poucos quilómetros à frente, passagem pelo local onde se deu a batalha da Foz do Arouce onde, há 200 anos, as tropas napoleónicas em fuga, rechaçadas nas Linhas de Torres, se auto-aniquilaram, lutando umas contra as outras depois do comandante Ney, desobedecendo a ordens superiores, ter deixado vários batalhões na margem errada do Ceira. Que, na madrugada seguinte, debaixo de intenso nevoeiro, foram confundidas pelos seus compatriotas franceses como sendo inimigos...

Nota história a que se seguiu uma curiosidade natural, a Livraria do Mondego, formação rochosa constituída por quartzitos e que dá aspecto de gigantesca estante de livros, mesmo na margem do Mondego, a caminho de Mortágua.

Com o cansaço a acumular-se, a visão da serra do Caramulo lembrava o exigente trajecto ainda por cumprir até ao Porto, mas nem o pensamento relaxante causado pela passagem nas Temas de S. Pedro do Sul demoveu os resistentes de atacar a subida para a serra da Freita, passando pela Frecha da Mizarela, a queda de água mais alta de Portugal Continental, atirando o rio Caima de mais de 70 metros de altura. Fim das serras, que não das curvas, contabilizando muito mais do que as 365 que dizem ter a estrada entre Arouca e Castelo de Paiva. Uma para cada dia do ano...

Muitas curvas também na N108, conhecida como a Estrada de Entre-os-Rios, ligação até ao Porto pela margem norte do Douro, momento de enorme gozo de condução para o ex-piloto Paulo Marques, como para os deputados Miguel Tiago (PCP) e Rodrigo Ribeiro (PSD), em inusitada aliança política de Lés-a-Lés. Estrada que levaria a caravana até à Ribeira, com passagem ao lado da barragem de Crestuma-Lever, pela Foz do Sousa e ou pela casa onde foi assinada a Convenção de Gramido, que, em 1847, pôs fim à guerra civil entre os irmãos D. Pedro e D. Miguel pelo trono de Portugal. Histórica também a entrada no Porto, com monumental entrada pela Ribeira, passando por alguns dos locais emblemáticos da cidade, incluindo a Torre dos Clérigos, verdadeiro ex-libris, rumo à Avenida dos Aliados, palco das grandes festas populares da cidade e onde, dias antes, havia estado o Papa Bento XVI.

Agora a festa foi outra, protagonizada pelos mototuristas que, ao longo de dois intensíssimos dias, apreciaram um Portugal diferente, conhecendo mais um pouco da paisagem e da História.



Fonte:Motociclismo
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MensagemAssunto: Re: 12.º Lés-a-Lés marcado pela dureza 12.º Lés-a-Lés marcado pela dureza Icon_minitimejunho 8th 2010, 08:54

ninguem daqui do forum foi?
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MensagemAssunto: Re: 12.º Lés-a-Lés marcado pela dureza 12.º Lés-a-Lés marcado pela dureza Icon_minitimejunho 8th 2010, 11:16

Eu não!!!

Mas conheço quem tenha ido...
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MensagemAssunto: Re: 12.º Lés-a-Lés marcado pela dureza 12.º Lés-a-Lés marcado pela dureza Icon_minitime

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