O Dia Internacional da Mulher é um marco na história contemporânea, que
reafirma todas as metas alcançadas pelas mulheres até os dias atuais,
mas surgem dúvidas sobre a origem do dia. Jornais e artigos de
instituições de ensino superior do Brasil e da Améri- ca Latina e
órgãos da imprensa têm dado espaço para divulgação desses estudos que
questionam a conhecida data.
Segundo a versão mais difundida sobre a origem do Dia Internacional da
Mulher, esta data seria uma homenagem às operárias mortas num incêndio
que teria ocorrido numa fábrica têxtil de Nova York, em 1857.
Mas para pesquisadores como Vito Giannotti, Naumi Vasconcelos, Dolores
Farias e Eva Blay, a "verdadeira" história do 8 de março é outra e a
alegada tragédia de 1857, quando 129 operárias teriam sido queimadas
vivas, não passa de uma ficção.
Em 1982, duas pesquisadoras francesas Liliane Kandel e Françoise Picq,
demonstraram que a famosa greve feminina de 1857, que estaria na origem
do 8 de Março, pura e simplesmente não aconteceu, não vem noticiada nem
mencionada em qualquer jornal norte-americano, mas todos os anos
milhares de órgãos de comunicação social contam a história como sendo
verdadeira.
A origem do Dia Internacional da Mulher insere-se em um contexto
histórico e ideológico muito concreto. Buscando na história sobre o
universo feminino, foi somente a partir da Revolução Francesa, em 1789,
que as mulheres passaram a atuar na sociedade de forma mais
significativa, reivindicando a melhoria das condições de vida e de
trabalho, maior participação política, acesso à instrução e à igualdade
de direitos entre os sexos.
Em 1791 a jornalista, ativista francesa Olympe de Gouges escreve o
panfleto Declaração dos direitos da mulher e da cidadã, um modelo
feminizado e provocador da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão de 1789. Nele ela conclama as mulheres à ação – “Ó, mulheres!
Mulheres, quando deixareis vós de ser cegas?”, numa crítica à
desigualdade entre os sexos. Olympe foi julgada e condenada à
guilhotina.
Em 1907 a ativista alemã Clara Zetkin encabeçou a realização do I
Congresso de Mulheres Socialistas, ocorrido na Alemanha, o que
impulsionou definitivamente a partici- pação das mulheres nas questões
políticas e contribuiu para as primeiras conquistas da mulher operária.
Em 08 de março de 1910, por proposição da própria Clara na II
Conferência Internacio- nal das Mulheres, realizada na Dinamarca, foi
aprovada a criação do Dia Internacional da Mulher.
O dia 8 de Março só foi oficializado pela ONU como Dia Internacional em 1975.
A situação em relação à mulher, no geral teve progresso. Mas em
diversas regiões do planeta encontramos ainda situações de intolerância
e descrédito, como em países do Oriente Médio, da África e Sudeste
Asiático onde alguns grupos étnicos praticam a mutilação genital
feminina, ou seja, a retirada total ou parcial dos órgãos sexuais.
Segundo a ONU a incidência de mutilação feminina caiu nos últimos anos
no mundo, mas estimativas da Organização indicam que entre 120 milhões
e 140 milhões de meninas e mulheres foram submetidas a esta prática
dolorosa e perigosa que é alimentada por preconceitos sociais e
religiosos.
Ainda é prevalente na Índia o costume do dote, e muitas famílias não
conseguem pagar dote para casar várias filhas, por isso os indianos
preferem filhos do sexo masculino.
A Amnistia Internacional calcula que cerca de 5 mil mulheres são mortas
anualmente na Índia em disputas familiares por dotes de noivas
Em seu livro, “The Argumentative Indian”, o economista indiano Amartya
Sen, vencedor do Nobel de Economia de 1998 calcula, baseado em várias
pesquisas, que exista um déficit de mais de 100 milhões de mulheres na
Índia e China, países que mais praticam esses abortos seletivos.
Em Uganda, na África, a lei reconhece ao homem o direito de bater na mulher.
Na América Latina e Caribe, a violência doméstica atinge entre 25% a 50% das mulheres.
O Brasil encontra-se entre os países do mundo que mais exportam
mulheres para o mercado exterior da prostituição. Mulheres são levadas
clandestinamente, iludidas com promessas de emprego e bons salários.
Desde 1999, a Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou que 25 de
Novembro o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as
Mulheres.O dia 25 de novembro foi escolhido para destacar o brutal
assassinato das irmãs Mirabal (Patria, Minerva e Maria Teresa,
conhecidas como “Las Mariposas”), opositoras da ditadura de Rafael
Leônidas Trujillo, na República Dominicana, em 25 de novembro de 1960.
Creio que grande parte das mulheres, independente ou não dessas datas
comemorativas, deveriam ser respeitadas, reverenciadas. Coloco em
particular as mulheres apenadas ou ex-apenadas, pois merecem ser vistas
e enxergadas pela sociedade, elas fazem parte da população e do povo
brasileiro.
Sabemos que a presa, em sua condição de mulher, sofre discriminação por
parte da sociedade em geral, o que dificulta mais ainda uma disputa de
vaga de trabalho após o cumprimento da pena. Muitas vezes a prisão para
as mulheres é pior do que para os homens, pois deixam suas casas, seus
filhos.
O que elas querem é apenas mais uma nova oportunidade para recomeçar a viver novamente nessa sociedade tão desigual.
Colocar em dúvida ou derrubar o mito de origem da data 8 de Março não
implica na desvalorização do significado histórico que este adquiriu.
Muito ao contrário. Significa enriquecer a comemoração desse dia com a
retomada de seu sentido original - a igualdade em seus direitos e
deveres.
Parabéns a todas a Mulheres do Mundo em especial às deste Forum