Boas pessoal,
Decidi abrir este tópico porque, noutro
tópico, existiam dúvidas sobre a composição química da
gasolina e sobre as octanas.
Primeiro alguns mitos urbanos...
- A
gasolina/gasóleo tem uma percentagem água na sua composição...
- A
gasolina de 98 octanas é melhor que a
gasolina de 95 octanas...
- Quanto mais octanas mais potência...
Estes mitos urbanos são isso mesmo... Mitos! Tudo mentira!
Sobre a gasolinaPrimeiro vamos à composição química da
gasolina normalmente utilizada em Portugal. É a seguinte:
12% de n-hexano a n-nonano
11% de isómeros de alcanos e n-butano
5% de Ciclohexano e derivados
25% de buteno a hexeno
12% de 1-noneno
1% de tolueno
22% de xileno(s)
12% aromáticos de peso molecular mais alto
Como podem ver não existe água na
gasolina (e se existisse coitados dos motores... lol).
A molécula de água é a famosa H2O (2 átomos de hidrogénio e 1 de oxigénio) e esta molécula não existe na
gasolina. Apesar disso existe hidrogénio nos compostos acima referidos mas que, por si só, não é água!
A
gasolina é sobretudo composta por hidrocarbonetos (petróleo) e depois leva alguns aditivos e ganha outros no seu processo de fabrico.
Sobre as octanasA definição de octanas é: O índice que indica a resistência da
gasolina à pré-explosão quando exposta a elevadas pressões. Apenas isto e nada mais!
Assim uma
gasolina de 100 octanas (como por exemplo a BP 100) é mais resistente à pré-explosão do que uma
gasolina com 95 octanas.
A
gasolina é inflamável e pode sê-lo por 2 processos:
- auto-indução ou, como mais vulgarmente é designada, combustão espontânea (quando sujeita a uma elevada pressão)
- induzida (quando lhe deitamos fogo ou uma faísca)
Como vocês sabem os motores de combustão interna a
gasolina usam estes 2 processos em simultâneo para fazer explodir pequenas quantidades de
gasolina a cada 2 revoluções da cambota (nos motores a 4 tempos)... e nesse processo o pistão sobe e desce dentro do cilindro. Os motores de combustão interna a gasóleo só usam o processo da auto-indução (compressão do combustível) mas sobre estes logo falo outro dia...
Quando o pistão vai acima depois do tempo da admissão (e no tempo da compressão), a
gasolina e o ar que entraram no cilindro, através das válvulas, são comprimidos e depois a vela lança uma faísca e despoleta a combustão, que por sua vez empurra o pistão para baixo.
Até aqui tudo certo... Mas... Quando o pistão vai acima e comprime a mistura (
gasolina e ar) existente no cilindro provoca uma determinada compressão que é a famosa compressão descrita nas características técnicas do motor quando vemos alguns catálogos de motas nas lojas ou na net.
Os motores devem levar a
gasolina adequada, com determinadas octanas, consoante a compressão do motor (verificada no cilindro como já referi). Ou seja.. Um motor com elevada compressão deve levar
gasolina de maior número de octanas. Um motor de reduzida compressão deve levar
gasolina de menor número de octanas. Isto para que o seu funcionamento seja mais afinado e parecido com um relógio suíço.
Se um motor de elevada compressão levar
gasolina de baixas octanas a mistura pode explodir antes da faísca da vela, quando o pistão ainda está a subir no cilindro, e assim existe uma contra-força à inércia do pistão (o pistão está a subir e a explosão já está a obrigá-lo a descer antes do seu curso estar completo) o que provoca perda de potência e muito maior desgaste e esforço do motor.
Se um motor de reduzida compressão levar
gasolina de maior número de octanas a mistura pode explodir mais tarde do que o esperado e também reduz a potência porque o pistão já iniciou o curso para baixo sem a impulsão da explosão e apenas porque a tal é forçado pela inércia da cambota o que vai roubar força às revoluções do motor.
Portanto, meus amigos, desmistifiquem esses mitos urbanos. O que interessa é encher o tanque de
gasolina apropriada à compressão do vosso motor. Para saberem isso consultem o fabricante ou diversas publicações credíveis na net.
Espero ter ajudado a clarificar este assunto tão importante para nós!
CU
Hugo