Ora bem, só para dar mais "corpo" e contexto à história, como alguns sabem, há coisa de 3 meses tive a "sorte" de em 2 dias seguidos me baterem duas vezes no carro, uma no parachoques de trás, outra no da frente.
A 1ª meteu seguro.
A 2ª visto ter falado com um pintor nesse mesmo dia por causa da 1ª e saber exactamente quanto me custava pintar um parachoques., dei a escolher à senhora, ou seguro, ou pagava-me directamente o valor de pintar um parachoques, neste caso de 75€ (algumas pessoas disseram-me que até devia ter pedido mais, mas não me ia sentir bem com isso... se me custava 75€, pedi 75€). A senhora optou por me pagar directamente e nesse mesmo dia fez-me a transferência.
Fui meter o carro a pintar, e para além dos parachoques aproveitei para mandar pintar a porta de trás do lado esquerdo, e a ilharga por cima da roda traseira esquerda, ambas com raspadelas feitas por mim em alturas diferentes a entrar na garagem, pagando do meu bolso.
Os parachoques mesmo antes de me baterem estavam um nojo, porque como vão perceber mais tarde, o meu carro tem íman, e já lá tinham raspado em estacionamentos mais do que uma vez, aliás, ainda não tinha o carro há um mês, e já tinha a esquina direita do parachoques da frente de uma cor diferente. Todo contente, fiquei com um carro "novo", apesar de ter lá mais um ou outro risco, incluindo uma mossa no tejadilho de um bocado de cimento que caiu de um viaduto, as marcas que mais me irritavam no carro tinham sido reparadas.
Só para referir, que dos 4 paineis que foram reparados na altura, 3 já estão marcados novamente.
1 - O parachoques da frente já lá tem esta, feita por terceiros:
2 - O parachoques de trás já tem lá esta, feita pela minha esposa a sair de casa na terça feira passada:
3 - E a porta que foi pintada já lá tem uma quincada de alguém que não teve cuidado no estacionamento a abrir a porta do seu carro, e até sei exactamente em que dia foi e onde foi, mas não sei quem foi, pois quando cheguei e quando saí, não tinha nenhum carro ao lado.
Coisas poucas, que com um bocadinho de tinta que já pedi ao pintor se disfarça, mas... lá está, íman.
E chegamos então à parte da história que realmente interessa. Dia 26 de Maio, chego a casa, e tinha um carro estacionado directamente em frente ao portão de entrada na minha casa, mas do lado oposto da rua, metade na estrada, metade no passeio:
A entrada para a minha casa já tem que se fazer com cuidado numa situação, pois a folga não é muita, mas faz-se bem. Com o espaço "roubado" por este carro, a manobra já é substancialmente mais difícil.
De referir, que havia muito espaço por onde estacionar, mas... teve que ser mesmo em frente ao portão...
Bom, lá tentei meter o carro como fazia normalmente, mas não estava a conseguir. Pensei que mesmo assim, se tentasse de outra maneira o conseguia fazer sem ter que estar a fazer uma "cena" no meio da rua, apitar, etc e tal. Então, fui dar a volta e tentei entrar de outra maneira. Como disse anteriormente, a folga normalmente já é curta, e estava a controlar o parachoques da frente com a esquina da casa quando...
A "cena" que não quis fazer antes, fiz depois disto... mandei uma buzinadela, saí do carro para ver o estrago, e já nem sei bem o que disse, mas o que disse, disse-o aos berros, no meio da rua... tanto que a minha esposa e vizinhos até vieram à janela. Enquanto estava lá aos berros lá vem o dono do carro a correr (penso ser o marido de uma cabeleireira perto), nem olhei directamente para ele, mas lá vinha ele a pedir desculpa, meti-me no carro, voltei para trás, enquanto ele tirava o dele, meti o meu na garagem. Entretanto venho cá a cima ver o estrago na parede (mínimo), e ele estava a estacionar o carro noutro sítio. Voltei a descer para a garagem e estava a mostrar o "serviço" à minha esposa, quando oiço alguém a chamar na rua. Era o tal homem, a perguntar se tinha raspado o carro na parede. Ao que eu respondi, claramente chateado, "Epá sim... vocês estacionam aí, parece que não estorva, mas estorva..."
Ele pediu se podia entrar para ver o estrago no meu carro, e eu acedi. Lá estávamos na garagem a olhar para aquela bosta, até referi "fogo, ainda há 2 meses tinha arranjado o carro, e agora olha".
Surpreendentemente, para mim pelo menos, ele vira-se e diz "Olhe... o que podemos fazer é preencher uma declaração amigável, em como eu a manobrar o meu carro fui bater no seu".
Ainda fiquei uns segundos a pensar no que tinha acabado de ouvir... Ao que respondi "Olhe, agradeço, mas... na realidade você não teve culpa de nada disto, eu é que não devia ter tentado entrar se não tinha certeza que tinha espaço"
Mas ele insistiu "Não se preocupe com isso, mete-se no meu seguro, e você fica com o carro arranjado, não há problema nenhum".
Ainda andámos ali uns minutos de volta do assunto, porque não minha cabeça não fazia sentido nenhum a proposta que ele estava a fazer, porque realisticamente ele não tinha culpa daquilo. Depois ainda tínhamos a questão da seguradora... Qualquer pessoa que olhe para aquilo vê que não foi um dano causado por outro carro, muito menos um perito que faz disto profissão.
No entanto, lá fizemos a declaração amigável. Perguntei-lhe várias vezes enquanto preenchíamos a declaração se ele tinha a certeza, porque ia ter agravamento no seguro, não tinha tido culpa, e ele sempre a dizer que sim, que não tinha problema nenhum. Disse-lhe ainda que não era muita gente que fazia o que ele estava a fazer...
Poucos dias depois lá foi a carrinha para a peritagem, no final do dia quando a fui buscar, o pintor disse-me que agora era aguardar, que o processo estava em "condicional". Nesse dia voltei a ligar para o homem, e disse-lhe que o carro já tinha ido à peritagem, que estava agora a aguardar decisão, e voltei a dizer-lhe qualquer coisa do género "veja lá, se você começar a ter algum problema com isto, é só ligar à seguradora e dizer que já resolveu as coisas directamente comigo, e volta-se atrás nesta coisa da participação ao seguro". E ele voltou a dizer-me para eu não me preocupar.
Resumindo, no meio do meu "azar" e azelhice, acabei por ter muita sorte, pois encontrei uma pessoa que se deu ao trabalho de assumir uma coisa que nem sequer era culpa dele, pelo menos directamente.
Hoje já vou buscar o carro ao pintor, arranjado... pelo menos até alguém lá ir marrar outra vez, enquanto não descobrir o íman que atrai os outros carros.