Olá pessoal porreiro
Já que existe uma área dedicada para partilharmos os nossos episódios de estrada, escrevo aqui a minha manhã de Terça-Feira, dia 15/03, servindo como testemunho para quem anda de mota à chuva em terreno complicado.
Por motivos de força maior, tinha de estar ás 11h00 num local perto do Miradouro das Portas do Sol. Para quem não conhece, é um miradouro que se localiza numa das colinas da Baixa Lisboeta (ou seja, aaaalto!).
Saio de casa e vejo uns pinguinhos e penso "Bom, nada de especial, vamos lá!" - casaco + calças de chuva e siga!
Tomei o caminho (que por sinal adoro fazer) junto ao rio, quem passa pelo Parque das Nações continua na margem junto ao rio. É um caminho na "marginal" que passa também por Cascais, e nos leva até ao Cabo da Roca como "paragem final". Ao longo desse caminho, existe a entrada para a direita para quem quer ir para a Baixa Lisboeta. Claro que podia parar a mota e chamar um táxi ... mas...
Estava eu nesse percurso junto à marginal e o que são "pinguinhos" começam a ser brutos baldes de água por todos os lados. Inclusivamente pequenas (grandes) poças na própria estrada nas quais, a certa altura, uma carrinha (lado a lado comigo) decide passar por cima - foi muito engraçado ver ondas reais (literalmente) para cima de mim em plena estrada
Depois de me meter à frente da dita carrinha - já chegava de banho! -, temos os veículos de quatro rodas habituais que aproveitam estes dias de "céu limpo e piso seco" para fazer as manobras mais mirabolantes perante motociclistas. Porque deve ser giríssimo ver-nos ali aflitos a tentar manter a mota em pé e a não ter de fazer movimentos ou travagens bruscas porque secalhar até se torna difícil manter uma posição mais ou menos estável em trânsito neste tipo de dias. Enfim... vocês já sabem...
Começo a aproximar-me da entrada para a direita que tenho de seguir de forma a começar a "subida" para o Miradouro, mais propriamente a Rua da Alfândega que dá para a Rua da Madalena. E começam também a aparecer os primeiros caminhos com pedra molhada, buracos, falhas de buracos nos buracos e linhas de eléctrico
Com muita calma, muita paciência, muito devagar...um trânsito descomunal... Confesso que fico sempre meio tensa neste tipo de pisos. É realmente muito perigoso e incerto. Depois entre carros e mais carros, existe sempre aquelas criaturas de 4 piscas paradas em segunda fila em plena avenida principal que me obrigam a ter de passar as linhas de eléctrico de forma a circular, entretanto metem-se os autocarros da Carris empilhados (neste caso estava mais trânsito porque estava um deles avariada em pleno cruzamento)
Continuava, com a calma toda...pedra a pedra...buraco a buraco...
Finalmente consegui virar para a Rua da Madalena, que me levava até à Sé de Lisboa...até vi a minha vida a andar para trás.
As estradas são todas inclinadas, com linhas de eléctrico a cobrir 40% e carros desesperados para chegar aos destinos (já sem falar dos malditos tuk-tuk's por todo o lado!!!). Eu subia aquela rua (Rua Santo António da Sé) com o maior e mais considerado respeito. As pessoas até olhavam para mim tipo ....
Eu própria nem queria acreditar...mas adiante!
Preferi manter-me "dentro" dos dois limites das linhas de eléctrico, na parte de "estrada", do que andar ali a fazer zigue-zagues. Entretanto os carros paravam, numa subida, e continuava a chover a potes, ponto de embraiagem... tão bom
Depois de muito esforço e dedicação, consegui chegar ao meu destino, parei a mota mesmo no meio do Miradouro. Pingava todo o equipamento!
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Caminho de regresso ... a descer tudo novamente !!! E esta foi a parte em que tremi um pouco mais...
Estar a "jogar" entre um travão e outro, de vez em quando a velocidade aumentava e calcular quando deveria começar a travar "a sério", não podendo travar demasiado porque senão passava de mota a prancha de surf. Eu estava a andar a uns 5km/h se tanto e sentia que a qualquer momento a mota ia escorregar-me. Quem conhece o terreno, sabe do que falo. Para terem uma ideia, a certa altura a mão direita já estava toda dormente.
Descer, descer, trânsito e mais trânsito ... e finalmente "piso térreo"! Mas ainda não estava livre das pedras molhadas e linhas de eléctrico. Entretanto houve uma altura que tive mesmo de passar por pedra da calçada, que até brilhava de tão molhada que estava
Lisa, lisa, lisa...com umas quantas poçinhas de água pelo meio...aí foi quando pensei "pronto, é desta..." Mas felizmente, também não foi.
Quando consegui finalmente voltar a entrar na avenida principal (Avenida Infante D. Henrique), a tal junto à marginal, e a pensar que já estava fora de perigo (ou em menor)...aparece-me no meio da estrada terra molhada de umas obras quaisquer que estavam a decorrer lá perto. Daquela que nós olhamos e ficamos mais ou menos tipo ...
maaaaas...também lá me consegui safar...
Infelizmente, por parvoíce minha, não carreguei a minha GoPro para filmar esta viagem. Por isso, deixo-a aqui descrita para quem tiver paciência de ler.
Como também gosto de escrever, fica o testemunho.
O equipamento fez 90% do seu trabalho, felizmente cheguei mais ou menos seca a casa.
Muito cuidado a seco, e maior ainda à chuva. Respeito, protecção ... e a viagem continua