Depois de uma paragem de duas semanas, o Mundial de Motocross voltou à acção, desta feita na íngreme e exigente pista alemã, Teutschenthal, que se apresentou num misto de lama e piso duro com muitos rêgos e buracos a dificultarem ainda mais a tarefa dos pilotos. Clement Desalle (Suzuki) e Jeffrey Herlings (KTM) conquistaram a pole no sábado nas respectivas classes (MX1 e MX2), mas era sobre os pilotos da casa, Ken Roczen (Suzuki) e Max Nagl (KTM) – este apenas duas semanas após ter fracturado uma clavícula! – que recaiam as esperanças do público alemão.

MX2
No entanto, o francês Marvin Musquin (KTM) aproveitou um bom arranque para se instalar logo no comando da primeira manga, ganhando terreno de volta para volta enquanto os rivais batalhavam uns com os outros nas posições seguintes. Musquin venceu a primeira manga autoritariamente, mas não conseguiu acompanhar Roczen na segunda, terminando-a na segunda posição, o suficiente para vencer mais um GP nesta época, o sétimo de oito disputados!




Roczen teve problemas com os óculos na primeira manga e, mesmo se ainda ocupou o segundo posto, acabou por descer para a quinta posição final após ser passado por Jeremy Van Horebeek (Kawasaki), Steven Frossard (Kawasaki) e Zach Osborne (Yamaha). Na segunda manga ‘vingou-se’ e deu ao ‘seu’ público o que ele queria, liderando desde a primeira volta e ganhando sempre tempo a Musquin para vencer a manga destacado e conseguir assim subir ao segundo lugar do pódio final.




A fechar o pódio de MX2, Zach Osborne não beneficiou de arranques junto com os primeiros, mas conseguiu algumas boas trajectórias na exigente pista para ir subindo posições progressivamente. O piloto norte-americano foi quarto na primeira manga e terceiro na segunda, o que lhe valeu o terceiro pódio consecutivo da época.




Steven Frossard e Jeremy Van Horebeek estiveram muito fortes na Alemanha aos comandos das suas Kawasaki com motor ProCircuit, mas algumas quedas de ambos na manga final fizeram-nos perder algum tempo. Ainda assim, os dois recuperaram bem e fecharam o dia em quarto e quinto, respectivamente.




No campeonato, Musquin estendeu um pouco mais a sua margem de liderança que agora é de 75 pontos para Roczen que, por sua vez, tem 20 pontos de vantagem sobre Frossard que ocupa o terceiro posto.

MX1
Na classe maior as corridas têm sido ainda mais disputadas e os pilotos que sobem ao pódio mais variados, com este oitavo GP a não ser excepção.




Ken DeDycker (Yamaha) venceu ambas as mangas do dia, vencendo o seu primeiro GP da época no dia em que celebrou o seu 26º aniversário. No entanto, o gigante belga não teve vitórias fáceis, já que até ao final das duas mangas eram vários os pilotos em posição de as vencer, todos eles após terem passado pelo comando das mesmas.




Clement Desalle foi o segundo no GP ao terminar ambas as mangas no terceiro posto após lutas bem intensas com David Philippaerts, DeDycker, Xavier Boog (Kawasaki) e Max Nagl, mesmo se no final não estava satisfeito com a sua prestação, ganhando alguns pontos a Antonio Cairoli (KTM) no campeonato.




Com uma gripe das fortes, David Philippaerts (Yamaha) voltou a mostrar porque é considerado um dos pilotos mais fortes do mundial, dando o máximo até ao final das duas corridas e fazendo algumas ultrapassagens agressivas e eficientes que lhe permitiram terminar em segundo na primeira manga e um quinto na segunda (após um mau arranque), o suficiente para o colocar no degrau mais baixo do pódio no final do dia.




António Cairoli fez um péssimo arranque na primeira manga, mesmo fora dos 20 primeiros, o que o obrigou a uma recuperação difícil até ao sexto lugar. Na segunda arrancou atrás do autor do holeshot, Boog, mas acabou desceu alguns lugares para voltar a recuperar na fase final da manga, terminando apenas a duas décimas de segundo de DeDycker após uma última volta alucinante do italiano, que terminou assim o dia em quarto. Xavier Boog liderou ambas as mangas e mostrou um bom ritmo de corrida, perdendo apenas alguma velocidade e posições já na fase final das mesmas, mas fechou o GP na quinta posição.




Rui Gonçalves é que começou menos bem o GP alemão, com um péssimo arranque que o deixou na cauda do pelotão. Num traçado difícil de ultrapassar, Rui teve dificuldades em subir posições e terminou no 18º posto. Já na segunda manga tudo foi diferente, com o piloto de Vidago a arrancar junto com os dez primeiros e a rodar sempre junto a essas posições com um grupo de pilotos rápidos, onde se incluia Steve Ramon. Depois de passar pelo nono posto, Rui acabaria por terminar em 11º, o que lhe deu um 13º posto no final do dia. Rui “Vinha para esta prova bastante motivado depois de duas semanas bastante produtivas em termos de treinos e com o resultado de Aichwald a servir de motivação extra. Nos treinos rapidamente pude constatar que seria fulcral arrancar no grupo da frente para não perder o comboio dos primeiros. Nos treinos tive azar com a grelha que não funcionou como deve ser e que me atrasou bastante.
Na primeira manga de Domingo senti alguns problemas com a embraiagem da minha moto que não estava a 100%. Mal tocava na manete a moto deixava de andar e de transmitir a potencia ao solo. Tive de mudar de estratégia e deixei de tocar na embraiagem, o que até funcionou porque nas últimas voltas consegui recuperar algumas posições e até melhorei os meus tempos por volta.
Na segunda manga o panorama foi outro. Tive uma melhor partida, e envolvi-me numa luta bastante interessante com alguns dos meus adversários, algo que estava a precisar. Sei que tenho andamento suficiente para andar com regularidade dentro do grupo dos dez primeiros, algo que não é fácil neste Campeonato porque pelo menos uma dúzia são candidatos a uma vitória.
Vou confiante para a Letónia, uma pista que me trás boas recordações depois da minha vitória em Kegums no ano passado, uma pista arenosa, bem a meu gosto.”




Excelente foi o esforço de Max Nagl, que fez tudo para não desapontar o seu público, mesmo se tinha fracturado uma clavícula apenas duas semanas antes no GP de França. O piloto alemão ainda liderou muitas voltas na segunda manga, mas acabou por se ressentir com dores num traçado tão exigente e desceu posições para terminar num brilhante sexto lugar.




O mundial segue já no próximo fim-de-semana na Letónia, mais propriamente na pista de Kegums.
Cairoli mantém o comando no campeonato, com 65 pontos de vantagem para Desalle e 74 para Philippaerts.



Fonte:Motociclismo